O divórcio consciente em filme da Netflix Um Natal Ex-pecial. Estrelas dos anos 1990, Alicia Silverstone e Melissa Joan Hart, brilham.
O filme da Netflix, Um Natal Ex-pecial (2025), reúne ícones dos anos 1990 para explorar temas contemporâneos com leveza. Dessa forma, o longa-metragem oferece uma visão ao mesmo tempo divertida e surpreendentemente madura sobre o divórcio consciente e os desafios das relações pós-término. Isso porque ele consegue ser o autêntico e adorável conto natalino ao mesmo tempo que extrai uma complexidade dos personagens que é incomum neste tipo de produção.
A trama, que gira em torno de Kate (Alicia Silverstone), utiliza a celebração natalina como um teste de estresse para a ideia do “divórcio amigável”. Afinal, Kate planeja um Natal perfeito antes de vender a casa da família. Contudo, a chegada súbita do ex-marido, Everett (Oliver Hudson), com sua nova e parceira, uma mulher poderosa, faz a fachada desmoronar.
O filme revela que o divórcio consciente é um ideal nobre que busca manter a comunicação respeitosa e a funcionalidade em prol dos filhos. No entanto, também é um processo carregado de recaídas emocionais. Com isso, o roteiro expõe as feridas emocionais de Kate, que vão do ressentimento à insegurança..
Contudo, a produção destaca o principal pilar desse conceito: a prioridade nos filhos. Isso porque o desejo de proteger os jovens da tensão é o único fator consistente que força Kate e Everett a manter a compostura. Assim, há uma cooperação parental. E, embora eles enfrentem uma série de farpas iniciais, a responsabilidade dessa colaboração permite que eles atuem como uma equipe logística.
A performance de Alicia Silverstone é o ponto central de Um Natal Ex-pecial. A atriz, eternizada como Cher Horowitz em As Patricinhas de Beverly Hills (1995), retorna ao gênero de comédia romântica com um charme inegável e a leveza característica. Além disso, a atriz é sensível ao retratar as inseguranças e o constrangimento emocional do pós-divórcio em um ambiente familiar forçado. Ela lida com a dor e o choque de ver o ex-marido com uma nova pessoa de forma crível e agridoce.
Já a participação de Melissa Joan Hart é duplamente significativa. Como atriz, ela interpreta April
, a melhor amiga e confidente de Kate. Sua escalação, ao lado de Silverstone, é uma jogada estratégica que potencializa a nostalgia dos anos 1990. Com isso, injeta suporte e humor à crise da amiga. No entanto, o papel mais crucial de Hart é como produtora, por meio da companhia Heartbreak Films. Esse envolvimento sublinha sua bem-sucedida transição de estrela juvenil para uma força criativa também por trás das câmeras. Após seus sucessos televisivos, Hart consolidou-se como uma figura central na produção de filmes temáticos de Natal.Um Natal Ex-pecial é, portanto, um produto que harmoniza a nostalgia dos ícones dos anos 90 com uma abordagem atualizada sobre a realidade complexa do divórcio. Dessa forma, revela-se uma celebração do recomeço, embalada no conforto familiar da comédia natalina.
Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UFPel). Idealizadora da mentoria “Conexão Raiz”. Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.
Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça. Além disso, é autora de livros-reportagens como “Neurodivergentes” (2019), “Ikeda” (2020) e “Metamorfoses” (2023). Na ficção, escreveu obras como “Danielle, asperger” (2016) e “A Influenciadora e o Crítico” (2025).
Crítica Wicked - Parte 2. Entenda a mudança de tom do diretor Jon M. Chu…
As metáforas em Um Truque de Mestre 3: crítica do filme aborda os cavaleiros e…
Uma crônica de Sophia Mendonça sobre a garota autista na Bolha, inspirada em Wicked e…
O Livro que Devolveu a Voz ao Autismo no Brasil. completa 10 anos "Outro Olhar:…
O Significado de "Bandaids Over a Broken Heart" e a evolução emocional de Katy Perry…
Presidente da Autistas Brasil debateu o diagnóstico tardio, a mercantilização das terapias e o preconceito…