O cordão de fita verde com girassóis amarelos é usado em volta do pescoço para identificar
uma pessoa com deficiência “invisível” ou “oculta”. Como o autismo, por exemplo, que não é
percebido facilmente em um primeiro contato. Então, geralmente, necessita de uma explicação. Ou mesmo da apresentação de documento comprobatório, o laudo. Mas o que autismo e o cordão de girassóis têm em comum?
Assim como a flor de girassol se destaca por sua cor vibrante e se movimenta na direção do sol, o mesmo acontece com essa iniciativa. O cordão com a fita de girassóis é uma forma
de iluminar, clarear, refletir a luz da pessoa com autismo. Metaforicamente falando, é claro!
Essa brilhante ideia teve origem na Inglaterra. Foi iniciativa de funcionários do segundo maior aeroporto de Londres, o Gatwick, em 2016. Em sua página na internet, a empresa informa ao passageiro e seus familiares a respeito da disponibilidade gratuita do cordão.
Um gesto grandioso de se colocar no lugar do outro. Aliás, uma forma de facilitar a vida da pessoa que necessita de algum nível de suporte. Sobretudo, em meio aos desafios que um aeroporto oferece à pessoa com TEA. Uma atitude sensível. E, o mais importante, que se estendeu também para outros aeroportos da Europa.
Aqui no Brasil, o cordão de girassóis vem sendo, aos poucos, implementado. Como sementes
lançadas em solos férteis. Assim, os grãos têm germinado nos corações de “agricultores” da empatia. Em algumas cidades, de norte a sul do país, leis já instituíram o cordão como símbolo de identificação de deficiências “ocultas”. Como por exemplo, no Distrito Federal, Rio de Janeiro, em Sergipe, Juiz de Fora, Carazinho, entre outras.
O cordão é um importante aliado para a acessibilidade das famílias e da pessoa no espectro autista. Ambientes com muitos estímulos sonoros, visuais, olfativos e com muitas pessoas ao mesmo tempo são, naturalmente, desafiadores para o autista. Do mesmo modo, em um evento cultural, o cordão de girassóis garante a prioridade estabelecida por lei. A pessoa que está no espectro, não precisa entrar na fila para adquirir o ingresso. Ela deve receber um atendimento individualizado e respeitoso, como outras pessoas com deficiência recebem.
A disseminação dessa informação associada à sensibilização dos funcionários é, sem dúvida, um ganho na qualidade de vida da pessoa com autista. Embora não haja, ainda, lei federal para determinar que o cordão de girassóis seja aceito como veículo de acessibilidade. Tanto para a população com TEA, como para outras deficiências consideradas “invisíveis”.
Enquanto a lei não vem, muitas famílias confeccionam ou adquirem o cordão. Além disso, elas carregam crachá com o nome, endereço, telefone e o CID da deficiência. Nada disso é privilégio. É, certamente, direito. Além de ser respeitoso e promover a equidade. Itens importantes para fazer florescer a essência humana. Ou seja, florescer a humanidade em cada pessoa que tem a oportunidade de conviver e conhecer um autista.
O vento, então, irá soprar partículas de amor como pólen aos corações daqueles que se aproximarem de alguém com o cordão de girassóis.
Roberta Colen Linhares, natural de Belo Horizonte – MG, casada, mãe de Arthur e Isis, contadora de histórias pelo Instituto Aletria, e atualmente é graduanda do Curso de Letras na PUC Minas.
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