Como as pessoas sentem o amor? O amor é algo extremamente intenso. Ou seja, uma emoção que toma conta de todos por completo. Acaso o amor no autismo é assim? Primeiro, dentro do espectro autista, existe um traço chamado hipersensibilidade. Assim, autistas, em geral, são mais sensíveis a tudo. E não há como ser diferente considerando o amor.
Se, por um lado, autistas sentem algo intenso como o amor com uma intensidade mais forte ainda, por outro lado possuem menor habilidade social para relacionamentos. Isso pode fazer com que aspectos dos relacionamentos interpessoais sejam associados a sofrimento psíquico. Mesmo assim, muitos autistas se aventuram no mundo do amor e das emoções. A experiência é se sucesso, fracasso, alegria, tristeza. Aliás, como é com o sentimento de qualquer pessoa.
Viver um relacionamento amoroso é bastante desafiador para autistas. Dessa forma, gostaria de sugerir uma metáfora do relacionamento que temos na Terra com o sol. O nosso astro rei é algo de extrema beleza, calor. Ou seja, é necessário para a vida. Mas precisamos nos relacionar com ele à distância. Afinal, podemos ficar cegos se olharmos para ele diretamente. É nessa relação de desejo e de eminente perda de controle diante da força extrema do amor que os autistas se posicionam diante de quaisquer interações humanas. O olhar desviante do autista não se trata de uma falta de empatia com a outra pessoa. Mas de um autocontrole para não ser afetado pelo próximo de uma maneira difícil de lidar.
Assim, o autismo de maneira nenhuma, é um impeditivo para a vivência de relacionamentos amorosos. Pelo contrário, o amor exacerbado faz parte da essência do autismo. Entretanto, relacionamentos amorosos são uma sintonia entre duas pessoas. Como os autistas operam em alguma outra frequência, é preciso um esforço de ambos para encontrarem um ritmo consonante. A todos os autistas, desejo um feliz dia dos namorados, seja em uma relação ou seja no crescimento que as reflexões sobre o amor podem ocasionar.
*Vicente Cassepp-Borges é Doutor em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações pela Universidade de Brasília, Professor Associado da Universidade Federal Fluminense, Youtuber dos canais CientifiCaliente e GATE UFF e autista nas horas vagas.
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