Disponível na HBO Max, Navio Fantasma recicla todo o material habitual de filmes de terror em casas mal-assombradas. Porém, aqui o diferencial é se tratar de um transatlântico assombrado. Isso porque, em meio a tantos artifícios já muito usados no horror e aplicados sem inspiração para assustar, os cenários acabam dando a impressão de estar vendo algo um pouco diferente. Some-se isso à presença de bons atores, como Gabriel Byrne (Suits) e Julianna Margulies (The Good Wife) e o filme até consegue envolver.
O longa-metragem tem direção de Steve Beck, de 13 Fantasmas (2001). Assim como o filme anterior do cineasta, este aqui é um terror mais divertido de se acompanhar pela mistura curiosa de elementos do que um exemplar bom ou mesmo funcional do gênero. Então, toda tentativa de amedrontar é fácil de prever. Ou seja, estão lá as portas que se abrem sozinhas para revelar cadáveres pendurados, há um cigarro ardendo em um cinzeiro que já não é usado há décadas e, claro, os vislumbres de personagens que não deveriam estar lá. Tudo isso embalado em uma batalha entre a ganância e a prudência na medida em que os perigos se acumulam.
Assim, Sean Murphy (Gabriel Byrne) é o capitão da equipe de resgate Artic Warrior. Este time conta com a líder de equipe Maureen Epps (Julianna Margulies), o contramestre Greer (Isaiah Washington) e os técnicos Santos (Alex Dimitriades), Dodge (Ron Eldard) e Munder (Karl Ulban). Com isso, a principal tarefa do Artic Warrior é encontrar e trazer até a costa navios perdidos ou com problemas em alto-mar. Porém, em uma das viagens pela costa do Alasca, o grupo encontra os destroços de um lendário navio italiano que está desaparecido há 40 anos. Mas, o que eles não sabem é que agora o navio é habitado por um ser mortal, que coloca a vida de todos no Artic Warrior em perigo.
Apesar do bom elenco, quem realmente atua como personagem principal nesta narrativa é o navio que serve como pano de fundo à trama. Isso porque a direção de arte e a fotografia evocam ares de documentários sobre navios que afundam. Além disso, há uma cena inicial tragicômica que mostra como os passageiros morreram décadas atrás. Esta é uma cena de abertura trash que funciona primeiro por introduzir um banho de sangue tão exagerado que se encontra na fronteira do terrir. Ou seja, ao mesmo tempo em que é assustadora pelos acontecimentos que mostra, o jeito caricato e fantasioso como ela se apresenta nos lembra do tom fantasioso e confere ares de comédia à produção. Então, quando o filme se insere em um tom mais sombrio, a lembrança do horror que aconteceu amplia o impacto e a verossimilhança dos riscos que podem acontecer.
Além disso, há toda uma história de mistério para explicar o enredo. Isso com direito àquela reviravolta no final, que nos convida a reinterpretar a história sob outra perspectiva. Mas, ao contrário de filmes como “O Sexto Sentido” e “Os Outros”, este aqui é mais interessante pela curiosidade que provoca ao acompanhar todo o suspense. Isso sem que haja a necessidade de um desfecho marcante. No final, Navio Fantasma é um filme de terror capaz de envolver o público em uma atmosfera de alegria interrompida há muito tempo. Com isso, trabalha imagens que remetem ao antigo e à nostalgia.
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
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