Arte e entretenimento

Crítica do Filme: Não se Preocupe, Querida

Não se Preocupe, Querida é um filme de 2022, que está entre os mais vistos da HBO Max. Nele, há um cuidado impressionante com cada elemento cênico. Assim, tudo parece sugerir um tom retrô e elegante. Essa atmosfera, com casas antigas e jantares eróticos, é agradável. Porém, percebe-se um incômodo nas manifestações da protagonista. Aliás, tal desconforto vai crescendo ao longo da produção.

A distopia no filme Não se Preocupe, Querida

Assim, é por meio da construção de um clima tenso que a diretora Olivia Wilde propõe discutir a violência doméstica. Ou seja, ela constrói uma ficção científica distópica. Isso, com o objetivo de questionar o ideal conservador sobre a felicidade feminina. Dessa forma, o filme expõe como ele pode ser usado para silenciar mulheres em busca de autonomia.

Essa maneira de explorar o gaslight como tema de uma obra fantasiosa e apavorante não é inovadora no cinema. Afinal, o filme parece ter como inspiração o longa-metragem As Esposas de Stepford e o remake desta produção, intitulado Mulheres Perfeitas. Mas, infelizmente, a dominação masculina ainda é um assunto que precisa ser bastante discutido. E produções como essa o fazem de maneira particularmente impactante. Isso porque evidenciam uma ótica feminina sob as imposições do que seria uma vida desejável às mulheres.

Por que Não se Preocupe, Querida é bom?

Aliás, a atriz Florence Pugh é visceral ao traduzir aspectos racionais e emocionais que costuram a narrativa. Assim, a intérprete trabalha, de maneira precisa, os questionamentos e a coragem da protagonista. Já Harry Styles limita-se a explorar o vazio de seu personagem. Porém, esta opção revela-se adequada, em função das dimensões do papel dele.

O filme tem muitas qualidades, que vão do desenho de produção aos figurinos. Assim, consegue despertar reflexões e diálogos instigantes sobre a própria narrativa. Neste sentido, o final é especialmente eficaz. Justamente, por subverter e mesmo decepcionar as expectativas possíveis da plateia.

Avaliação

Avaliação: 4.5 de 5.

Trailer

Trailer do filme Não se Preocupe, Querida, filme de 2022 disponível na plataforma HBO Max

Autora da Crítica

Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+

Mundo Autista

Ver Comentários

  • O final do filme é confuso, incompreensível e estraga tudo. O roteiro é igualmente confuso. Não recomendo. Estragaram uma boa história

  • Eu amei a sua crítica. Pois outras críticas que vi por aí falando que o filme é ruim, são de homens. Ou seja, o filme funciona quando eles não conseguem compreender a grandiosidade da discussão. Eu amei o filme, me parece ter pequenas incógnitas e no final você fica: E AGORA? Me fez levantar do sofá e assistir cada pedacinho com atenção. Adorei tudo. Mas respeito quem não gostou.

  • É confuso demais e não dá pra distinguir no fim das contas o q é real e o q é o mundo criado pelo chefiou. Por exemplo: ela tem uma visão do que seria a vida dela ou relé.bra o q era a vida antes de Vitória? Não deu p sacar... uma pe a pq a ideia foi ótima mas mal executada

  • Assiti o filme ontem e achei interessante. O desenrolar, o visual retrô condizente com a época. E achei o final o mais legal, pois desperta a dubiedade entre o que vc acha ser o melhor e o que realmente é. Não soou panflentário, apesar da dominação masculina sobre os destinos das mulheres. No final ela percebe que de fato era feliz na realidade distópica do que na vida real. De fato achei forte a influência do filme da Nicole Kidman (Mulheres perfeitas) e ainda acrescentaria uma pitada de "Show de Truman".

  • De fato que o filme é bem perturbador não há sombra de dúvidas principalmente pra quem costuma se colocar no lugar do próximo, porém oque me fez refletir após assistir foram varias situações, o de dar o direito de fala e ao mesmo tempo proibir a fala, de silenciar as demais opiniões como se a única ideal fosse a universal, e a questão é onde está o ideal disso, quantas vezes nos deparamos com as mesmas situações no nosso dia a dia, como lidar com ideais programados, será que a vida é assim?!?

  • Achei ótimo! Deu pra entender que ela é uma médica que trabalha muito e o marido não, o machismo faz com que ele entre em uma experiência onde a mulher é submissa e o homem o gestor da casa, tem sexo a hora que quer, a vida perfeita, quando na verdade não é bem assim! No final ouve-se a respiração dela, imagino que ela acordou…

  • Acabei de ver o filme agorinha, e amei esse plot twist no final, amei o filme porque nos ensina que não se deve escolher pelos outros, o Harry pensava que aquilo era melhor pra mulher, mas isso era apenas melhor pra ele, mesmo que no início ela parecia feliz, no final ela sentiu que algo não tava certo, o ser humano não foi feito pra viver por padrões e nem ideais, e como podemos ver no filme e na vida real, é muito inquieto quando as mulheres têm mais autonomia que o próprio marido, que os faz sentir inferiorizados

  • Pra mim é até possível extrapolar a questão da opressão da mulher e a aceitação do "mundo perfeito" para um leque amplo de condicionamentos de toda espécie que tentam violentamente profanar a alma de cada um de nós naquilo que ela tem de genuíno e livre

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