O lançamento recente da Netflix, “Na Sua Casa ou na Minha?”, tem início em 2003. Aliás, o filme dá mostras de que vai se tornar um exemplar próximo ao tipo de comédia romântica agradável que surgiu naquela época. Aliás, a obra marca a estreia na direção de longas-metragens da roteirista de longa data Aline Brosh McKenna. Inclusive, a escritora especializou-se no estilo. Além disso, escreveu o aclamado “O Diabo Veste Prada”. Porém, desta vez, ela parece ligar o piloto automático. Ou seja, aqui não há diálogos inspirados ou personagens bem desenhados.
Assim, em vez de ambicionar um passatempo cativante, a cineasta parece se contentar em criar um produto superficial. Ou seja, capaz de distrair espectadores em dias de tédio. Porém, não deixa de ser um desperdício de talentos. Afinal, tanto a própria realizadora quanto o casal de protagonistas são capazes de muito mais. Por exemplo, a autora não oferece a Reese Witherspoon nem a Ashton Kutcher a possibilidade de trabalharem os dotes cômicos que já provaram ter em outras ocasiões. Na verdade, tudo aqui é tão insosso que a principal sensação acaba sendo de frustração.
Dessa forma, a dupla dá vida a Debbie e Peter. Esta dupla ficou uma vez há 20 anos e são melhores amigos desde então. Aliás, só sabemos que eles são melhores amigos porque isso todo hora é martelado pelos diálogos. O que é estranho, porque as interações entre eles nunca sugerem conforto na relação ou um vínculo mais profundo. Essa falta de verossimilhança torna-se ainda mais grave pela distância física que os separa. Afinal, eles moram muito longe um do outro. Assim, embora as conversas entre eles sejam alegres, falta credibilidade a essa relação.
Desse modo, a cineasta prefere reforçar as personalidades opostas de ambos. Mas o roteiro os mantém fisicamente separados durante a maior parte do filme. Isso porque uma série de artifícios os obriga a trocar de casa por uma semana. Assim, Debbie se muda para a casa de Peter enquanto termina um treinamento profissional em Manhattan. Já Peter concorda em morar na casa de Debbie para cuidar de seu doce e tímido filho de 13 anos, Jack (Wesley Kimmel).
Acontece que cada local apresenta um ajudante esperto que é muito mais atraente do que o personagem principal. Esses são os papeis de Tig Nogaro e Zoe Chao. Mas nenhum deles tem a chance de se desenvolver mais do que a função de escada para os protagonistas. Também, o elenco traz Steve Zahn como o suposto pretende e jardineiro de Debbie, além de Jessie Willians como um editor de livros bonito e talentoso. Porém, ambos os personagens parecem deslocados e subaproveitados. Assim, o filme segue um caminho previsível perante os dilemas que são apresentados. O que, para uma comédia romântica, não chega a ser problemático. Porém, é grave que a jornada até o desfecho não tenha absolutamente nada de envolvente ou interessante.
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
Acessibilidades para uma explosão sensorial no autismo e o Transtorno do Processamento Sensorial (TPS) são…
Sophia Mendonça e o Budismo: “Buda é aquele que consegue suportar” e mesmo o inferno…
Crítica de cinema sem lacração, Sophia Mendonça lança newsletter no Substack. De volta às raízes,…
Conto infantil é metáfora para o autismo? Youtuber e escritora Sophia Mendonça lança contação de…
Nunca Fui Beijada é bom? Drew Barrymore é a alma cintilante de clássico das comédias…
Pensamento lógico e o autismo. O que isso significa? Tenho considerado o peso da ponderação…