Morar na roça, sonho possível? A pergunta trouxe ao meu cérebro, uma lembrança ainda vívida nos dias atuais. Desde a época do ensino fundamental, meus professores me incentivaram a escrever um livro. Eles nunca entenderam porquê não levei a sério a recomendação. Talvez nem eu mesma soubesse.
O que sei, e sei com a força de alguma coisa ali, sempre presente, me incomodando, é que escrever um livro me parecia uma tarefa inesgotável. Confesso, porém, que a ideia me agradava.
Mas… um livro é a estória de uma vida! Situações que acolhem sentimentos íntimos. Sentimentos que nos levam a reflexões. Reflexões que contam (ou não) com o devido registro na obra literária. É tempo demais. Afinal, é muita coisa. Ainda mais para mim. Por exemplo: Eu sou imediatista. Quero tudo aqui e agora. Mal começo um trabalho e já quero vê-lo pronto.
Entretanto, atualmente, algo me reacendeu o desejo do registro. É que, claro, o passar do tempo tem mudado maneiras de pensar e até de sentir. E isso sempre me chamou a atenção. Então, explico:
Hoje, é comum ouvirmos de, se não todos, quase todos, opiniões sobre os inconvenientes da vida em grandes centros urbanos. Se há algum tempo, o êxodo do interior para as capitais foi uma constante comum para quem vislumbrasse um futuro com mais oportunidades, agora esse pensamento já não é mais a regra. A capital, tantas vezes cobiçada, já não satisfaz. Todos querem o sossego da simpática cidadezinha do interior. Ou, até mesmo de uma rocinha, um pedacinho de terra
para cuidar e criar alguns animais. Tudo isso, com a promessa do sossego garantido por dias calmos e bucólicos.Mas, na verdade, quem é essa pessoa que deseja morar na roça? Ter sua terrinha? Certamente, há uma distinção entre essas pessoas e aquelas que desejam morar no interior. Ou, quem sabe, o pseudo interior que já trouxe para seu cotidiano, todas as facilidades das grandes cidades.
Quem deixaria para trás a internet, principal conexão com o mundo? E o ar condicionado para mudar a temperatura durante intermináveis “lives” sobre tudo e todos, com o especialista da vez. Sem nos esquecermos das compras pelo ifood, é claro.
As pessoas dizem querer morar no interior mas… alguém já pensou em criar sua própria fonte de proteína? Galinhas, carneiros ou um porquinho sequer? E plantar seus legumes e hortaliças sem a presença dos agrotóxicos? O pomar, sempre romantizado, estaria nos projetos?
Assim, se você nunca se dedicou (e deliciou) com essas coisinhas, impossível se sentir realizado. E, muito menos, estar apto a trocar os grandes centros urbanos pelo campo. Seria como querer fazer omeletes, sem quebrar os ovos. Impossível e sem valor real!
Irene Maria da Silva, Procuradora Municipal aposentada, bisavó, avó e mãe. Ama a vida e é muito amada também.
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