A adorável cena final da primeira temporada de Mom (2013), que por aqui pode ser acompanhada pela HBO Max, é o desfecho perfeito para este grupo de episódios, que vão do humor ácido à doçura reflexiva e emocionante. Afinal, a série estabeleceu-se em sua estreia como uma obra sobre os relacionamentos de uma mulher, principalmente na vida pessoal. O que envolve a mãe, os filhos e o pai que ela só conhece no decorrer da narrativa.
Assim, a série segue Christy Plunkett (Anna Faris), uma mãe solteira de 35 anos. E depois de batalhar contra o alcoolismo e o vício em drogas, ela decide recomeçar a vida, trabalhando como garçonete e participando de reuniões de Alcoólicos Anônimos. INclusive, a mãe dela, Bonnie Plunkett (Allison Janney) também é uma viciada em drogas e álcool em recuperação, aos 51 anos. Já a filha Violet (Sadie Calvano), que nasceu quando Christy tinha 17 anos, ficou grávida de seu namorado Luke (Spencer Daniels) com esta mesma idade. Também, Christy tem um filho mais novo, Roscoe (Blake Garrett Rosenthal), do ex-marido Baxter (Matt Jones). Este é um traficante de drogas caloteiro.
Dessa forma, “Mom” é uma série em que o humor funciona porque a obra também envolve um forte apelo emocional. Ou seja, traz temas sérios do inconsciente coletivo à discussão. E, a partir daí, vira seu foco para a comédia pastelão. Assim, a obra sustenta-se não apenas na incrível habilidade de Anna Faris, de “Todo Mundo em Pânico”, como comediante. Mas, principalmente, ao trazer um outro lado dela como atriz. Afinal, o papel da protagonista é amarrar todas essas conexões, de modo a divertir o público e fazer com que ele realmente se importe com as relações entre os personagens.
Aliás, Anna Faris mostra uma inteligência e humildade tão fortes como intérprete que, consciente da função da sua personagem Christy na trama, ela não teme ser ofuscada em termos cômicos por outros membros do elenco. Ou seja, mesmo sendo uma das maiores comediantes dos anos 2000 e 2010 no cinema, ela sabe que uma sitcom precisa de outros elementos além do besteirol para sustentar o humor.
Então, quem se responsabiliza pelas gargalhadas mais surpreendentes, com uma aptidão impressionante de provocar não apenas o riso, mas a gargalhada genuína, é Allison Janney. Aliás, é incrível como a atriz humaniza uma personagem que não prima pelas atitudes mais empáticas. Assim, ela diverte não exatamente pelo absurdo das situações. Mas, sobretudo, pela verossimilhança que está por trás dos exageros da história que ela narra como Bonnie Plunkett. Portanto, é um desempenho genial. E merecidamente, Allison Janney ganhou a estatueta de melhor atriz coadjuvante em série de comédia no Emmy, o prêmio mais importante da televisão estadunidense, por este trabalho.
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
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