Modelo médico x modelo social da deficiência: é pelo direito ao básico! Veja críticas e ponderações sobre esses modelos.
Em minha dissertação, escrevi sobre o modelo social da deficiência, comparando-o à perspectiva biomédica. Embora o modelo social se mostre mais interessante e alinhado à legislação brasileira, ambos apresentam pontos fortes e fracos. O modelo biomédico muitas vezes minimiza as questões relacionais e a plenitude da experiência humana. Enquanto isso, o modelo social, ao focar nas barreiras impostas pela sociedade, pode não dar a devida importância às limitações que vêm do próprio corpo da pessoa com deficiência.
Contudo, essas limitações não podem servir de pretexto para retrocessos. E a grande vantagem do modelo social é que ele garante dignidade e direitos básicos a todos os cidadãos. Exemplo disso é a autonomia para tomar decisões sobre a própria vida.
Quando as críticas ao modelo social se transformam em justificativa para a violência contra pessoas com deficiência ou para deslegitimar suas vozes, estamos testemunhando um processo de retrocesso e desumanização. Isso acontece quando o direito de decidir sobre tratamentos, por exemplo, é transferido para pessoas em posições de maior credibilidade social.
Portanto, não se trata de padronizar o que é único, já que cada ser humano é singular. O ponto é que, de acordo com a nossa Constituição, todas as vidas devem ser respeitadas. E todos devem ter as possibilidade de acessar os mesmos direitos.
A discussão também não tem a ver com uma “atualização de eugenismos”. Este é, aliás, um dos maiores absurdos que já li sobre o assunto. Essa ideia sugere que o modelo social excluiria pessoas com maior necessidade de suporte. Claro que a discussão sobre se todas as pessoas tem condições de decidir sobre a própria vida é longa. Porém, seria justo condicionar 100% dessas escolhas a outro ser humano?
Crianças, por exemplo, são dependentes de seus pais, mas por isso existe o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) para regular o que os pais podem ou não fazer. Ninguém está acima da lei, mas muitos naturalizam a ideia⁸ de que têm o direito de se colocar em uma posição de superioridade, uma hierarquia entre seres humanos que não deveria existir.
Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.
Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça. Além disso, é autora de livros-reportagens como “Neurodivergentes” (2019), “Ikeda” (2020) e “Metamorfoses” (2023). Na ficção, escreveu obras como “Danielle, asperger” (2016) e “A Influenciadora e o Crítico” (2025).
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