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Meu ativismo na defesa dos direitos dos autistas

Símbolo do autismo: infinito colorido, personificando o foco na pessoa, no ser humano.

"cabe a nós construirmos um mundo sem guerras”, ressalta o dr. Ikeda, um defensor incansável da paz

Meu ativismo na defesa dos direitos dos autistas espelha o resultado de minha formação humanística. Desse modo, minha mãe é educadora, operadora do direito e humanista. Ela é budista, membro da Soka Gakkai Internacional – #SGI, assim como eu. Dessa forma, acreditamos no pilar Paz Cultura e Educação para a criação de uma sociedade com a cultura da paz. Mas o que é a paz? Certamente, não é a ausência da guerra, do conflito ou do confronto. Ou seja, a paz está ligada a uma cultura de paz que, independente do cenário, tem o objetivo de construir e manter a paz, trilhando o caminho do meio.

O caminho do meio não consiste no ponto central da linha entre dois extremos. Aliás é, isto sim, o conhecimento dos dois extremos para retirar de cada um, o melhor dele. E, dessa forma, construir a terceira via – o caminho do meio, traçado a partir desse aprendizado. Aliás, a vida é aprendizado. Então, o aprendizado acontece nas relações sociais e no conhecimento de todos os aspectos (bons e ruins) que nos capacitem a separar o joio do trigo.

Por exemplo, no Fragmento da Proposta de Paz de 2019, Nova Era de Paz e Desarmamento: Uma abordagem focada no ser humano, do presidente da SGI, dr. Daisaku Ikeda consta:

“Sempre foi minha convicção que as universidades são locais ideais para reunir o conhecimento a fim de criar soluções e encontrar novas abordagens para os problemas. Os jovens, estudantes em particular, são os principais agentes que podem desencadear o tipo de energia transformadora que nosso mundo requer.”

A Paz e a Cultura

Criemos uma nova civilização com base na Cultura da Paz

“(…) Cabe a nós construirmos um mundo sem guerras. Cada um deve se perguntar se é meramente uma tarefa impossível, ou se deve continuar a desafiar, mesmo em meio às maiores dificuldades – todo o destino do século XXI depende desta decisão.” (Daisaku Ikeda, fragmento do ensaio:”Pensamentos sobre a paz”)

Conforme expressa na frase acima, Daisaku Ikeda é um ativista pacifista que busca, em todas as suas ações, promover a ideia de um mundo sem guerras. Mas como? Baseado na construção de uma paz perene. Embora pareça utópica, a princípio, Ikeda lidera um movimento popular composto por mais de 12 milhões de pessoas espalhadas em cerca de 200 países e territórios. Aliás, pessoas que acreditam na possibilidade de uma paz perene. Uma paz que parta de cada ser humano. Além de tudo isso, uma paz que seja o pilar de uma civilização edificada a partir do humanismo e do altruísmo.

Dessa forma, eu e minha mãe seguimos as diretrizes do pacifista e budista Dr. Daisaku Ikeda que diz:

“A verdadeira luta do século XXI não será entre civilizações, nem entre as religiões. Será entre violência e não violência. Ela será entre barbárie e civilização no verdadeiro sentido da palavra.”
(Daisaku Ikeda)

Ativismo na defesa dos direitos dos autistas

Todos os empreendimentos humanos devem ter como ponto de origem a preocupação com o bem-estar das pessoas e o desejo de contribuir para a felicidade humana. Caso contrário, a raça humana acabará por continuar a tropeçar sem rumo, das trevas para as trevas. Se isso acontecer, de que nos servirá, então, a economia, a política e a cultura? Tudo depende das pessoas, de seu caráter, do desenvolvimento de sua humanidade. (Daisaku Ikeda)

Portanto, ainda citando os escritos do Dr. Ikeda: Dessa maneira, “O que a maioria das pessoas esquece é de olhar ao redor e para dentro de si mesmo. Para além das fronteiras do seu mundo-bolha. Ao assistir aos noticiários e postagens nas redes sociais é bem comum sucumbir ao pessimismo e achar que o mundo está cada dia pior. Porém, o médico e estatístico sueco Hans Rosling foi um entusiasta de causas humanitárias. Ele faleceu em 2017, e sempre defendeu que se deve olhar para além das aparências. Dessa forma, ele usava, com maestria, os dados estatísticos. Assim, Hans viajou muito e sua visão do mundo era pautada no fato de que o que se vê tevê é muito distorcido. Mas o que é pior, ele constatou que quase todo mundo tem essa distorção.”

“Em seu livro Fato: O hábito libertador de só ter opinião baseada em fatos , Hans destrói mitos e apresenta fatos e estatísticas de maneira clara e lúdica. Consequentemente, para ele, “O mundo está melhorando, mesmo que, de dentro das nossas bolhas, não pareça. (…) É fundamental compreendermos que a raiz para a solução de todos esses problemas é nossa falha coletiva. Ou seja, está em NÃO tornar o ser humano, a felicidade humana, o foco e a meta consistentes em todos os campos de atuação. O ser humano é o ponto ao qual devemos retornar para, então, partir novamente. O que é necessário é uma transformação humana – uma revolução humana.”

Então, para nós, membros da Associação Brasil SGI, a cultura de paz é construída dia a dia, momento a momento. Desse modo, é uma batalha constante entre nós e as adversidades, mas principalmente, contra nossas próprias inseguranças e limitações. Assim, cada indivíduo do planeta tem o dever de agir para além de suas bolhas e buscar os caminhos para a construção de uma verdadeira Cultura de Paz.

Os seis pontos defendidos pela Unesco no “Manifesto por uma Cultura de Paz e Não Violência”

São estes pontos que podem nos indicar alguns caminhos para nossas ações:

  • Respeitar a vida;
  • Rejeitar a violência;
  • Ser generoso;
  • Ouvir para compreender;
  • Preservar o planeta;
  • Redescobrir a solidariedade.

Para o embaixador Anwarul K. Chowdhury*, ex-subsecretário-geral e alto representante da ONU e fundador do Movimento Global pela Cultura da Paz (GMCoP), a Cultura de Paz como conceito significa que cada um de nós precisa conscientemente fazer da paz e da não violência uma parte de nossa existência diária”.

Conclusão:

É por essas e outras que, em pleno século 21, não há como eu oferecer um ativismo na defesa dos direitos dos autistas que não seja pautado no respeito ao ser humano. Portanto, um ativismo humanista. Então, eu não transformo conflitos em confrontos. Sou pelo caminho do meio. Transformo conflitos em mais informações que redundam em menos preconceito. Se eu quero ser ouvida, estou pronta para ouvir o outro. E mais, se o que ele disser ferir minha alma, tento responder com bons argumentos. Se ele for obtuso, afasto-me pois não há como convencer alguém que só deseja vencer. Procuro, pois outros caminhos.

Afinal, o embaixador Anwarul K. Chowdhury enfatizou ainda que “o objetivo da cultura de paz é o empoderamento das pessoas, como tem sido sublinhado inúmeras vezes pelo líder global pela paz e filósofo budista Daisaku Ikeda”.

*Coautor do livro virtual “Cultura da Paz”, junto com Daisaku Ikeda, na compilação do diálogo entre Anwarul K. Chowdhury e Daisaku Ikeda que aborda diferentes tópicos como educação, saúde, igualdade de gênero entre outros.

Selma Sueli Silva é criadora de conteúdo e empreendedora no projeto multimídia Mundo Autista D&I, escritora e radialista. Especialista em Comunicação e Gestão Empresarial (IEC/MG), ela atua como editora no site O Mundo Autista (Portal UAI) e é articulista na Revista Autismo (Canal Autismo). Em 2019, recebeu o prêmio de Boas Práticas do programa da União Europeia Erasmus+. Prêmio Microinfluenciadores Digitais 2023, na categoria PcD. É membro da UNESCOSOST movimento de sustentabilidade Criativa, desde 2022.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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