Livro Nem Tudo é o que Parece: Tabus sobre a maternidade Atípica e a Identidade Gênero, romance de Sophia Mendonça & Selma Sueli Silva.
O livro Nem Tudo é o que Parece (2023), de Sophia Mendonça & Selma Sueli Silva, é um romance sobre Tabus da Maternidade Atípica e a Identidade de Gênero. As primeiras avaliações sobre o livro na Amazon foram unânimes em avaliá-lo como cinco estrelas nas versões impressas e e-book. Assim, os avaliadores elogiaram a narrativa fluída, a aproximação entre a protagonista e os leitores e a abordagem comovente da solidão na maternidade atípica.
A obra, aliás, segue Antonela, que é uma mulher metódica, após a realização do sonho do casamento e do nascimento do primeiro filho, Benjamin. Porém, uma série de acontecimentos pavorosos colocam o menino contra a mãe. Dessa forma, a obra acompanhará a jornada de Antonela para compreender o que se passa com Benjamin enquanto ela se sente cada vez mais solitária.
Então, na Amazon, um usuário definiu a obra como um “relato sobre a solidão”.”A escrita é como uma conversa, o que contribui para a aproximação do leitor com as duas personagens centrais. Uma história de família que relata uma imensa solidão de mãe e filha diante de problemas que precisaram dar conta de resolver.“, observa a resenhista.
Outro cliente destacou a força e a solidão das protagonistas.E escreveu: “Excelente livro para reflexão sobre a força da relação entre mãe e filha. A voz de Antonella é tão honesta que parece um relato de uma pessoa conhecida na sala de casa. As dores e ao mesmo tempo a esperança da mãe de que momentos melhores ainda aconteceriam para ela e para Laura, são comoventes. É uma história que se torna bonita de um jeito estranho, já que é marcada por situações extremamente tristes. Ao mesmo tempo, ao terminar o livro a sensação que fica é de que o pior já passou, tem uma mensagem de esperança.“
A obra, aliás, tem como base as anotações nos cadernos de terapia de Selma Sueli Silva, que é uma jornalista, autista e mãe da pesquisadora e comunicadora Sophia Mendonça, uma mulher autista e transgênero. Desde 2015, a dupla apresenta o Mundo Autista, o mais antigo canal de autistas em atividade no YouTube brasileiro.
Assim, o livro Nem Tudo é o que Parece é protagonizado por duas mulheres que representam a persona das autoras, mas conta a história de muita gente além delas. Dessaforma, a obra tem como objetivo compartilhar estratégias e experiências que foram úteis à jornada vitoriosa de inclusão social de uma mãe autista e TDAH e sua filha que, além de manifestar as mesmas condições, já experienciou a incongruência de gênero e o diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline (TPB).
Mas, apesar dos prognósticos de dependência total e impossibilidade de se graduar, Sophia hoje é uma doutoranda com mais de dez livros publicados e já realizou o sonho da cirurgia deredesignação sexual. O escritor vencedor de prêmios como Jabuti, Nestlé e Biblioteca Nacional Léo Cunha, observou que escrever essa história foi um ato de coragem da dupla ao compartilhar questões íntimas com o objetivo de não permitir que nenhumafamília se sinta sozinha como elas já se sentiram um dia.
Em uma estrutura que se utiliza de personagens fictícios baseados em pessoas e situações reais, a obra ajuda a desenvolver habilidades para lidar com crises, meltdowns e colapsos mentais. Além disso, ela auxilia no processo de conhecimento do funcionamento de pessoas neurodivergentes e traz estratégias para evitar que uma deficiência ou transtorno apague outra condição que também precisa ser cuidada e investigada.
Por meio das aplicações e interações com profissionais da psicologia e psiquiatria, a dupla de mulheres com deficiência e neurodivergentes mostra como transformou a vivência de uma maternidade atípica sem suporte em uma missão de atuar positivamente na vida de outras pessoas.
A autora Selma Sueli Silva gostaria que os leitores percebessem que não existe fórmula para viver a vida ou o dito destino. O que existe é o encontro de vários desafios. E é fundamental percebê-los como oportunidades de fortalecimento para sair mais feliz do outro lado. Então, nenhum diagnóstico deveria se confoundir com a vida do ser humano, de modo a traçar um destino determinista, no qual se conforma com a realidade, sem imaginar que somos nós que construímos o nosso futuro. “Em vários momentos, ser autista me ajudou a entender comportamentos de minha filha. Porém, quando a interação envolve sentimentos e emoções, é horrível ter uma crise e ser um gatilho que leva a filha a ter uma crise também. Depois da crise a gente se sente envergonhada, com o desejo de ter agido melhor naquele momento. O que é inevitável, mesmo no maternar“, ponderou a jornalista e escritora.
Para Selma, este é também mais um dos livros da dupla em que se percebe a essência camaleônica das pessoas autistas, que vem desde a infância. Além disso, Nem Tudo é o que Parece mostra que, apesar do sofrimento parecer não ter fim, é possível construir uma nova história.
“A mãe já parece nascer com culpa. Já na adolescência, é comum que ao filho culpe a mãe por vários problemas. O acúmulo de sentimentos que nasce daí podem gerar depressão, ideias suicidas e isolamento, dentre outras questões. Mas, sempre há esperança. Porém, depende de cada um encontrá-la. O que aprendi nessa caminhada é que lamentação apaga boa sorte e te leva ao vitimismo. Quando você sente pena de si, é dificil encontrar solução para qualquer que seja o desafio. Nessa situação, a tendência é você ficar impotente e não sair do lugar. Isso te paralisa. Portanto, a esperança requer coragem e que a gente jogue luz nas potencialidades e não em aspectos limitantes“, comenta Selma Sueli Silva.
Sophia Mendonça é jornalista e escritora. Também, atua como youtuber do canal “Mundo Autista” e é colunista da “Revista Autismo/Canal Autismo“ e do “Portal UAI“. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Assim, em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Já em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
A jornalista e Relações Públicas Selma Sueli Silva é criadora de conteúdo e empreendedora no projeto multimídia Mundo Autista D&I, escritora e radialista. Especialista em Comunicação e Gestão Empresarial (IEC/MG), ela atua como editora no site O Mundo Autista (Portal UAI) e é articulista na Revista Autismo (Canal Autismo). Em 2019, recebeu o prêmio de Boas Práticas do programa da União Europeia Erasmus+. Prêmio Microinfluenciadores 2022, na categoria PcD. Além disso, é membro da UNESCOSOST movimento de sustentabilidade Criativa, desde 2022.
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Selma e Sophia possuem expertise profissional e vivência pessoal quando se trata de autismo, identidade de gênero ou maternidade atípica. Na nova obra ficcional escrita em conjunto por mãe e filha, temos contato com Antonella e Laura, personagens que enfatizam duas gerações diferentes de mulheres autistas e seus dilemas no mundo contemporâneo. Uma leitura recomendada para todas as pessoas que buscam refletir sobre os diferentes modos de ser e estar no mundo.