Crítica de La La Land - Cantando Estações: A Magia do Musical de Damien Chazelle e a Química Ryan Gosling/Emma Stone.
Vencedor de seis Oscar, “La La Land – Cantando Estações” (2016) é uma declaração de amor e um convite à nostalgia. Com um tom agridoce e fascinante, o filme de Damien Chazelle (diretor de “Whiplash”) se estabelece como uma homenagem romântica aos musicais clássicos da era de Gene Kelly e Fred Astaire. Assim, o grande triunfo da obra reside em recapturar a essência perdida desses filmes, onde a emoção pura é expressa mais poderosamente através do movimento, da dança e da música do que pelos diálogos.
Dessa forma, este longa-metragem revela-se uma ode moderna à forma agridoce como o amor e os sonhos se entrelaçam e se confrontam. Com isso, é fácil se encantar com a simplicidade e vivacidade da narrativa. Aliás, esta é uma conquista garantida pela estética e pelas atuações magníficas de Ryan Gosling e, principalmente, Emma Stone.
Neste filme, a direção de arte e o figurino utilizam a cor de forma saturada e não realista. Dessa forma, Los Angeles se transforma em uma cidade mítica, onde a cor azul sinaliza a transição para a magia do romance. Já os figurinos de Mary Zophres traçam a jornada de Mia, com seus vestidos em cores primárias vibrantes simbolizando a esperança. Gosling, por sua vez, veste um figurino propositalmente anacrônico, em tons de marrom. Com isso, reflete o purismo do seu personagem, um músico de jazz preso no passado.
Já a atuação de Ryan Gosling é excelente porque ele se recusa a ser meramente carismático. Assim, em vez disso, ele ancora a fantasia musical de Chazelle em uma realidade emocionalmente complexa. Dessa forma, dá vida a um homem imperfeito, mas profundamente apaixonado e apaixonante. Quem rouba a cena, no entanto, é Emma Stone. Isso porque sua performance em “La La Land” parece ser a culminação de sua trajetória, que ironicamente começou em um reality show de canto e participações em séries juvenis semelhantes àquelas que o próprio filme satiriza.. Essa experiência inicial a conecta diretamente a Mia Dolan, a jovem que frequenta audições questionáveis.
O ápice da interpretação de Stone ocorre em uma das cenas de teste de Mia,. É nesse momento que ela cant”Audition (The Fools Who Dream)”, com uma honestidade brutal. Chazelle posiciona a câmera e a deixa parada na sala de audição bege, clinicamente iluminada. Mia canta uma canção que é mais uma atuação usando música do que um feito vocal técnico. É a fragilidade em sua voz, o quase falhar na nota alta, que entrega a emoção crua e a torna perfeita. Este é o momento que a personagem aceita a própria identidade como uma daquelas “tolas que sonham” e transformam dor em arte
Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UFPel). Idealizadora da mentoria “Conexão Raiz”. Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.
Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça. Além disso, é autora de livros-reportagens como “Neurodivergentes” (2019), “Ikeda” (2020) e “Metamorfoses” (2023). Na ficção, escreveu obras como “Danielle, asperger” (2016) e “A Influenciadora e o Crítico” (2025).
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