Isolamento e Comunicação Não Violenta - O Mundo Autista
O Mundo Autista

Isolamento e Comunicação Não Violenta

Victor Mendonça e Raquel Romano

É possível transformar o veneno em remédio? Victor e Raquel conversam sobre o isolamento e a CNV – Comunicação não Violenta. Entenda como o perdão e a gratidão podem ser libertadores. Você exercita a empatia? Ou é agressivo, reativo, impulsivo?

Victor Mendonça: Vou expor uma experiência pessoal mas que pode levar a reflexões interessantes. Há algum tempo, eu fiquei com muita raiva de uma determinada pessoa que me prejudicou seriamente, com uma perseguição pela internet. Eu me lembrei de um conceito budista que se chama transformar o veneno em remédio e comecei a trabalhar, tanto na terapia quanto nas minhas orações, o exercício de fazer oração para essa pessoa ser feliz e também para eu entender o motivo daquele sofrimento na minha vida. No início, quando eu tentava fazer uma oração para a felicidade dela, eu ainda sentia muita raiva, mas tanta raiva Raquel, que ficava até difícil orar. Mas eu insisti. Depois, eu comecei a não sentir mais essa raiva.

E agora, recentemente, eu tive um dia maravilhoso, um dia bem produtivo. Então, eu fui fazer uma oração de gratidão pelo meu dia ter sido maravilhoso, e me veio também, uma imensa gratidão por essa pessoa. Há muito tempo eu não me lembrava dela. Eu percebi que eu tinha um jeito de rebater as pessoas de maneira agressiva, que não era legal. Como essa pessoa me assustava com o grau de agressividade eu pude rever esse meu comportamento e começar a ser mais empático, mais humano. Comecei a usar uma comunicação não-violenta. Eu percebi que essa pessoa agilizou muito esse processo da minha revolução humana e isso foi muito bom para mim. Eu me senti transformando o veneno em remédio.

Raquel Romano: Esse seu relato é muito interessante, Victor. A comunicação não-violenta é a grande tônica nesse mundo, por vezes, tão agressivo, em que as pessoas andam muito reativas. Uma reatividade que passa, talvez, pelo impulso. É preciso haver uma comunicação não-violenta para que haja paz. Mas olha, você falou algo interessante que acontece nas relações humanas: essa gratidão que você sentiu, mesmo que inconsciente, ela voltou para você como uma forma de cura, a transformação do veneno em remédio. O que parecia ser um veneno, acabou que te fez crescer e estimular a sua revolução humana. Eu fico pensando na pandemia, neste momento em que estamos em isolamento, em quanto ganho nós estamos tendo, apesar de tudo. Imagina que nós estamos trabalhando muito, você, eu e tantas outras pessoas. Eu imaginava que eu ia ter tempo para fazer cursos, ver filmes mas, na verdade, eu estou tendo mais ganhos com trabalhos e aprendizagens. Eu observo como as famílias estão conseguindo transformar o veneno deste momento, em remédio. Aquele desespero inicial, como pensar no que vou fazer com os meus filhos dentro de casa, a criança sem a escola, como se a escola fosse a única solução para a educação desses filhos.Eu estou vendo crianças muito bem direcionadas dentro de casa, com atividades lúdicas, os pais criando jogos, fazendo arte com as crianças. Isso é transformar o veneno em remédio. Eu acho que é um momento oportuno que as pessoas estão sabendo aproveitar.

Victor Mendonça: Realmente, é isso mesmo. O que cura e o que mata depende da dosagem. A gente tem que saber como direcionar o sofrimento que, é claro, existe e é rea, com tudo que veio à tona com a pandemia. Mas, a gente pensa no que trazer para a nossa postura, a fim de transformar positivamente a sociedade.

Raquel Romano: Que as famílias se unam cada vez mais por meio do lúdico e da relação familiar.

Victor Mendonça: É isso aí, galera. Gostou? Deixe o seu comentário.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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