Um gesto afetivo entre homens pode ser motivo para ataques de ódio por pessoas que sequer os conhecem, simplesmente por associarem esse comportamento à homossexualidade. Ou seja, aparentar ser LGBT, independentemente da orientação sexual ou identidade de gênero da pessoa, já é visto como algo repugnante aos olhos de muitos. Quando se é LGBT, então, muito mais do que uma batalha pelo direito de amar, enfrenta-se uma luta, também, pelo direito de existir. Intolerância mata.
Lamentavelmente, foi o que aconteceu com o filho da cantora Walkyria Santos, Lucas, de 16 anos, que cometeu suicídio na última terça-feira (03). O rapaz tornou-se vítima de ataques homofóbicos via Internet, após divulgar um vídeo em que ele e um amigo simulam um beijo. Depois de a publicação original viralizar, o adolescente fez outra postagem na qual afirmava que ele e o amigo eram heterossexuais. Algo que soa como um pedido de desculpa por uma manifestação legítima de afetividade.
Masculinidade e Sexualidade
Em uma sociedade que confunde sexualidade com expressões de gênero e privilegia estereótipos do comportamento masculino, a manifestação de afeto entre homens é vista como fraqueza ou mesmo ameaça. Isso porque coloca em xeque a crença de que há um comportamento masculino ideal, e que ele será sempre heterossexual e não trará atitudes consideradas mais ‘femininas’. Como resultado desse medo à manifestação do que não é visto como desejável, vem a raiva, o deboche, a agressividade. Mas não deveria ser assim se as pessoas buscassem mais informações e respeitassem a vida e o ser humano.
Cyberbullying pode ser pior que o bullying no ambiente escolar
Cyberbullying
O cyberbullying é uma prática mais comum entre adolescentes e jovens adultos, que consiste na intimidação, humilhação, exposição vexatória, perseguição, calúnia e difamação na Internet. Mesmo no ambiente virtual, lida-se com pessoas, seus sentimentos, suas reações, seus receios, que tem atrás de si um berço familiar. Em vídeo sobre o infeliz acontecimento, Walkyria Santos faz um apelo para as pessoas terem cuidado com o que falam e comentam na Internet. Algo obvio, num primeiro momento, mas que em pleno século 21, precisa ser relembrado. Temos, portanto, uma responsabilidade com o outro, com o coletivo, o social. Somos seres de relação, de acolhimento, cuidado e essência amorosa. Não podemos deixar que nossa humanidade seja roubada.
Sophia Silva de Mendonça é jornalista, escritora, apresentadora, cineasta e mestranda em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG). Foi diagnosticada autista aos 11 anos, em 2008. Mantém o site “O Mundo Autista” no Portal UAI. É autora de sete livros e diretora do documentário “AutWork – Autistas no Mercado de Trabalho”. Em 2016, recebeu o Grande Colar do Mérito Legislativo de Belo Horizonte, a maior honraria do legislativo municipal, tornando-se a pessoa mais jovem a receber essa homenagem.
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