O Mundo Autista

Inclusão Escolar: Escola pública ou privada?

Selma Sueli Silva

Quem sai na frente na educação inclusiva: a escola pública ou a escola privada? Selma fala sobre isso.

Bom, gente, seguinte: muitas mães e alguns pais nos procuram, nos mandam mensagem perguntando: “o que é melhor: escola pública ou privada na questão da inclusão escolar?”.

São alguns pontos que eu queria levantar aqui com vocês. Aqui, em Minas Gerais, de que eu conheço um pouco a realidade, eu digo que a escola pública está à frente, principalmente na minha cidade, Belo Horizonte. Mas não significa que a escola pública, estando à frente da escola privada, tenha um padrão e todas sejam boas. Por exemplo, nas EMEIS, onde acontece o ensino infantil, você encontra EMEIS de excelência e você tem, ainda bem que uma minoria, EMEIS que ainda estão tateando o processo inclusivo. Por que isso acontece?

Diante da minha experiência, eu e o Victor conversamos muito sobre isso: na inclusão escolar, quem faz a diferença é o ser humano. Então, depende do valor do ser humano, depende do desejo desse ser humano de aprender com os desafios das dificuldades, porque, se o ser humano quiser encontrar impeditivos, ele vai listar uma série de fatores. “Eu não tive isso na faculdade”, “Eu não tenho capacitação”, “Eu não entendo de autismo”, “Eu não entendo de síndrome de Down” e por aí vai. Agora, aquele ser humano que faz a diferença, o ser humano de excelência, ele deve entender de entender de educação. Se ele entender de educação, ele vai ser movido por aquele amor, que não é o amor do tipo “Oh, meu aluninho, que fofinho, que bonitinho”, e vai ser impulsionado por aquele amor que traz brilho aos nossos olhos, que cria o desejo de a gente ultrapassar cada obstáculo. Isso acontece também na escola privada. Quem faz a diferença na escola privada? São esses profissionais.

Então, na construção escolar do Victor, eu tive maravilhosos parceiros, mas também tive aqueles que a gente teve que ir empurrando porque não estavam dispostos a abrir mão das suas certezas absolutas para aprender algo novo e, principalmente, desafiador. E também teve aqueles profissionais que quando dizem “eu não entendo de autismo”, “eu não entendo de paralisia cerebral”, é como se dissessem “Não cobrem nada de mim, eu não fui treinado para isso”. Então, percebem? Na cabeça deles, a responsabilidade diminui. Então, a construção escolar ainda é necessária hoje, e por que eu digo que a responsabilidade da construção escolar ainda necessária? Porque eu sonho com o dia em que cada ser humano será prezado na sua individualidade. E aí, todos os profissionais, médicos, psicólogos, lixeiros, faxineiros, professores, coordenadores vão entender que cada um é um. A gente sempre deve debruçar nosso olhar na pessoa para saber como aquela relação ensino/aprendizagem funciona para extrair o melhor do professor e extrair, também, o melhor daquela pessoa que está se relacionando com a gente. Isso parece utópico, parece sonho, mas não é não. Porque eu já vi isso acontecendo! O Victor fez o fundamental um, dois, o ensino médio no mesmo colégio, o Padre Eustáquio, aqui de Belo Horizonte. E a construção escolar foi um processo diário. É um tijolinho de cada vez.

E, ao fim desse período, eu vi muito emocionada, vários educadores, coordenadores e a diretora abraçando o meu filho e agradecendo por tanto que aprenderam com ele. Nessa relação, todo mundo ganha, a sociedade ganha, porque a gente constrói valores para possibilitar, sustentar mesmo, uma sociedade melhor.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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