Selma Sueli Silva e Camila Marques
Selma Sueli Silva: Hoje, eu e Camila Marques vamos falar de inclusão. Eventos, bons exemplos, eventos inclusivos, pessoas inclusivas, a comunicação alternativa, a tecnologia a nosso favor.
Selma Sueli Silva: Durante a pandemia, muitos alunos estão tendo aulas online. Eu tenho um amiguinho de nove anos autista. Ele estava com a turma, assistindo à aula, quando o professor percebeu a dificuldade dele na interação online. Esse professor deu a aula normal e depois fez contato com a mãe de meu amiguinho. Ele se predispôs a preparar uma aula só para essa criança, em alguns tópicos que estavam mais difíceis para ela acompanhar. Então, o que eu penso? Eu penso que a inclusão está diretamente ligada à qualidade do ser humano. O ser humano é quem faz toda a diferença. Camila, você se lembra de eventos inclusivos, em que você falou: “bacana, isso é legal”?
Camila Marques: Eu lembro que, na faculdade, a gente conviveu com um aluno cego e isso reeducou a gente. Um aluno e uma aluna, que era um período à frente da gente, mas ficou minha amiga depois. Aí, eu falava assim: “Eu ando na sua frente ou ao seu lado?”. E ela me dizia: “a pessoa deve sempre andar ao lado de um cego para não tropeçar e também deve andar devagar”. Acho muito interessante essa iniciativa da Uni (UniBH) porque tinha o piso que direcionavam para os prédios.
Dia desses, eu entrei no metrô, sentei e, de repente, entrou uma pessoa cega. Começamos a conversar, não me lembro exatamente o que aconteceu. Ele estava mostrando para mim as coisas do celular e abrindo as abas certinhas. Eu demonstrei minha admiração e ele me explicou: “Olha, Camila, a gente usa o celular pela voz. Eu dou o comando e o celular me responde”.
Uma iniciativa muito bacana aqui em BH é que, quando a pessoa cega entra no metrô, acho que é pelo interfone que eles comunicam com alguém no ponto que a pessoa cega vai descer e sempre tem um guarda esperando. Aí, eles organizam as pessoas, principalmente em horário de pico, porque quem usa o transporte público sabe o quanto é complicado. Não é a pessoa deficiente que tem que se adaptar à sociedade. É a sociedade quem tem que receber e acolher a pessoa deficiente pois ela
não tem que se privar de ir e de vir, de usar o transporte público. Porque a gente ouve assim: “Ah não quer que esbarre em você, vá de Uber!”. Não! A gente é contribuinte exatamente para isso, para usufruir dessas coisas.Selma Sueli Silva: Verdade. E nessa questão, eu amo essas soluções que nascem do desejo de incluir e de facilitar, fornecendo o suporte necessário a cada um de acordo com suas características. Ainda nesse exemplo das aulas online, achei a ideia de outro professor muito interessante. Estava dando aula para adolescentes. E aí, mesmo sendo online, a turma estava agitada, conversando muito. Cada um na sua casa mas com aquela ansiedade de falar. O professor então, reservou um momento da aula para fazer uma sala de bate-papo: uma troca entre os alunos, separando a hora de conversar e a hora de estudar. Ele teve a sensibilidade de perceber que esse bate papo estava fazendo falta para seus alunos. Então, fica muito mais fácil quando a gente percebe as características de cada um e a gente começa a propor soluções que facilitem a vida de todos.
Camila Marques: A ideia do acolhimento. A gente tem que estar de braços abertos para a pessoa. Pois, por ela ter aquela limitação, ela pensa duas vezes antes de falar, até por medo de atrapalhar o ambiente. “Será que a turma vai ter paciência em me ouvir quando eu estiver formulando a minha pergunta, a minha dúvida?” Às vezes, a pessoa já fica com aquele receio. Essa proatividade do professor já preparou o terreno para que o aluno já pudesse apresentar as suas questões como ouvinte. E assim, o diálogo cresce, as experiências se enriquecem.
Selma Sueli Silva: Que não tenhamos a menor dúvida, toda a vida vale!
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