O Mundo Autista

Eu tenho uma grande amiga e ela é autista.

A contadora de histórias, Roberta Colen, fala de uma experiência: Eu tenho uma grande amiga e ela é autista

Eu tenho uma grande amiga e ela é autista. Assim, é totalmente viável a relação de amizade entre pessoas típicas e atípicas. Aliás, autistas são pessoas amigáveis. Não são seres extraterrestres. E nem vivem em um mundo paralelo. Isso tudo são narrativas irreais, inventadas por quem não está no espectro.

Mitos sobre amizade com pessoas autistas.

No entanto, é comum encontrar, na internet, vários mitos sobre pessoas neurodiversas. Contudo, a maioria é de inverdades. Sem qualquer embasamento científico. Então, a neurodiversidade presente no espectro revela infinitas possibilidades. Ou seja, possibilidades de interação social com todos. Com quem está dentro e fora da condição. É Todo ser humano é singular, original e único.

Pessoas não são produção em massa. Tenho uma grande amiga e ela é autista.

Certamente, pessoas não são uma produção em massa. Além disso, autistas não são artificiais. Muito menos, frios e egoístas. Pelo contrário, são pessoas carinhosas, amorosas, sensíveis. E empáticas. Pessoas que se comovem, se alegram. Que expressam emoções. Logo, são pessoas totalmente capazes de se relacionar.

Mulher típica, sim. Romantização, não.

Sem romantização, com lugar de fala de mulher típica, sei como é a amizade com autista. Afinal, sou mulher que vive a experiência da amizade com uma pessoa autista. Dessa forma, posso afirmar que é uma relação preciosa!

É rico ter a oportunidade de viver uma relação de cumplicidade sincera. Viver uma amizade verdadeira e profunda. Entretanto, eu sei que é uma na contramão das interações efêmeras dos tempos modernos. Relacionar-me com autistas, transformou a minha existência.

Uma das muitas virtudes de uma pessoa autista é a alteridade. Alteridade pressupõe que todo o ser humano social interage e é interdependente do outro. E essa virtude chama muito a atenção de todos. Ou seja, autistas não se corrompem. Por exemplo, autistas não traem a confiança daqueles em quem confiam. Eles transbordam o bem-querer irrestritamente.

Amiga autista.

Portanto, as pessoas autistas preservam em si, a essência humana primária. Embora elas consigam isso, a despeito da visão capacitista. E de uma ideologia que enxerga o autista como anjo, sobretudo na infância. Os autistas passam longe das místicas disseminadas entre as comunidades de pessoas com deficiência.

É preciso desmistificar essa visão limitadora para desconstruir preconceitos. Aliás, desconstruir, também, as histórias de superação. Afinal, são histórias rentáveis às campanhas publicitárias. E às manchetes dos noticiários. Essa visão embaçada impede a verdadeira aceitação da diversidade da vida humana.

Não somos iguais. Aliás, somos diferentes e isso é muito bom. É o que nos enriquece enquanto sociedade. Dessa maneira, é exatamente a diferença que reflete a necessidade de uma educação anticapacitista.

A inclusão provoca nossa criatividade.

Sobre a experiência de inclusão social esta psicanalista afirma:

“… não é um benefício para uma comunidade específica. É uma conquista da sociedade como um todo…”. Ilana Katz

Para mim, ser amiga de pessoas com autismo me dá a oportunidade de buscar minha evolução como ser humano. Tenho oportunidade de desenvolver inteligência emocional e novas perspectivas de uma mesma situação. Ou seja, amplia minha capacidade de trabalhar em equipe, de perceber a minha própria limitação diante do novo, do diferente.

Conclusão, o autismo do meu filho trouxe para a minha vida a melhor versão do ser humano. E, graças a ele, que é ponte para amizades reais e proveitosas, pude conhecer um amor que ainda não havia experienciado. O que eu recomendo a todos, sem moderação!

“A vida para ser humana, implica inclusão.” Maria Lúcia Pellegrinelli

Roberta Colen: Eu tenho uma grande amiga e ela é autista

Roberta Colen Linhares, natural de Belo Horizonte – MG, é casada. Mãe de Arthur e Isis. Contadora de histórias formada pelo Instituto Aletria. Atualmente, é graduanda do Curso de Letras, PUC Minas.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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