Entrevista sobre autismo em adultos e na mulher adulta, com Sophia Mendonça, é divulgada pela Autistas Brasil e pelo Mundo Autista.
O canal do YouTube Mundo Autista republicou uma entrevista da youtuber e pesquisadora Sophia Mendonça, que originalmente foi veiculada no canal de Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas, a Autistas Brasil.
Na entrevista, Luciana Oliveira recebeu a mim – Sophia Mendonça, que sou jornalista, doutoranda em literatura, autista e youtuber. Isso culminou em uma conversa tocante e reveladora sobre o autismo no feminino. Inclusive porque sou filha da também autista Selma Sueli Silva, com quem divido o canal Mundo Autista.
Parte do nosso objetivo, ao compartilhar nossa experiência de vida, é desfaz mitos sobre o espectro autista. A chamada diz: “Prepare-se para se conectar com a história de Sophia, que, desde criança, desafia diagnósticos e rótulos, conquistando seu espaço na academia e na vida.”
Quando a Luciana me perguntou sobre eu conhecer outras pessoas com o diagnóstico de TEA adultas, eu respondi que minha mãe foi uma das primeiras pessoas públicas que receberam o laudo de TEA a falar abertamente sobre o seu diagnóstico. Isso ocorreu bem depois de eu receber o meu diagnóstico aos 11 anos de idade. “O psiquiatra disse para ela que a gente trombava com muito mais autistas do que a gente imagina. Ela só não imaginava que trombaria com ela mesma“, comentei.
Naquela época, porém, havia um estigma muito grande e um tratamento mais conservador. Portanto, pessoas públicas que recebiam o laudo na fase adulta não costumavam se abrir sobre isso. Depois de começar a palestrar sobre autismo aos 18 anos de idade, eu conheci vários perfis de autistas adultos. Esses vão desde aqueles que necessitam de tecnologias de comunicação assistiva aos que tem cacoetes na fala, passando por pessoas que “nem parecem autistas” para o senso comum. Porém, eu consigo notar os traços sutis com facilidade. “Esse é o caso da minha mãe e em algum grau o meu, porque a gente vai camuflando“, esclareci.
Quando eu tive o meu diagnóstico, minha mãe já se identificou imediatamente com as características do autismo. Isso inclui as mais dolorosas, como as crises em que ambas batíamos a cabeça na parede. Porém, devido ao conhecimento científico restrito do final dos anos 2000, a hiperempatia emocional de minha mãe, que se prejudicava para ajudar o outro, foi um aspecto que impediu o diagnóstico naquele contexto, que alimentava o mito de autistas sem empatia. Ainda mais em uma mulher adulta, que vai mascarando e desenvolvendo habilidades com o tempo.
“A psicóloga dela disse que não conhece um caso de camuflagem social tão profundo quanto o de minha mãe, porque ela é como aquelas bonecas ucranianas que você vai tirando várias camadas até só sobrar uma pequenina“, contei. Hoje já temos maior conhecimento técnico sobre a hiperempatia emocional na mulher adulta.
A publicação do vídeo nas redes do Mundo Autista aludiu ao Dia Internacional das Pessoas Com Deficiência. Esta data é celebrada em 03 de dezembro. A entrevista aborda temas como o diagnóstico tardio em mulheres, os desafios e superação na minha trajetória, a importância da representatividade autista e o poder da informação no combate ao preconceito.
Dessa forma, exploro as nuances do autismo no feminino, como a camuflagem social e a hiperempatia, que muitas vezes dificultam o diagnóstico. E também discuto a importância do protagonismo autista na construção de uma sociedade mais inclusiva. Ou seja, onde a neurodiversidade recebe respeito e valor.
Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.
Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça.
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