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Educação Humanística e Inclusão

Selma Sueli Silva

Selma Sueli Silva fala sobre a construção da parceria com a escola na educação de um filho neurodivergente.

Eu imagino que muitas mães já estão sofridas e quando chegam na escola tem dificuldade de entender porque que a escola não cumpre o que está lá na Lei Brasileira de Inclusão*. E eu vou compartilhar com vocês essa minha experiência.

Eu sempre soube tudo o que estava na lei e quando eu ia na escola verificar alguma coisa para meu filho, eu fazia questão de deixar claro que eu não falava da minha cabeça que eu não era mais uma mãe querendo criar o filho em uma bolha e querendo privilégios e mais privilégios. O meu discurso sempre tentava ser de uma maneira calma, de uma pessoa que conhece sobre o que está falando para que eu não precisasse usar a lei como ameaça e sim como aliada. Porque, uma coisa que eu nunca quis foi uma escola que tivesse que “engolir” o meu filho para cumprir a lei.

Eu queria sempre construir uma parceria. E eu já falei com vocês que sou budista, então, sou humanista. E, eu sempre tento encontrar o caminho do meio. O caminho do meio, diferente da matemática, não é o ponto médio entre dois pontos. O caminho do meio que eu acredito, ele traz o melhor de um extremo e o melhor do outro. Sim, porque tem coisas boas que a gente pode aprender, só que, por ser extremo, às vezes peca por determinada rigidez. Assim, o melhor é a sensatez do caminho do meio.

Era isso que eu fazia quando tentava construir determinada parceria com as escolas. A primeira coisa é mostrar que eu sou ser humano e que gostaria de ser tratada assim. E meu filho também mesmo tendo o cérebro neurodivergente, assim como eu. Então eu, como mãe, precisava informar a escola da melhor maneira que conseguisse sobre como funciona esse cérebro neurodivergente. Eu sabia que algumas coisas que meu filho viveu em casa, antes de ir para a aula, poderiam afetar o dia a dia da escola. Procurava entender o professor, que também é um ser humano, e que também pode ter os seus melhores ou os seus piores momentos. Mas, uma coisa teve de ficar bastante clara na minha relação com a escola: primeiro, o filho da gente não é melhor e nem pior

que o filho de ninguém. Porque esse negócio de achar assim, “com o meu filho não! Nada pode acontecer.” Olha, tudo pode acontecer com todo mundo e temos que verificar como que a gente vai lidar com isso.

Então, o que eu quero é deixar um valor para a sociedade. E eu tenho que criar esse valor para deixar para a sociedade e acredito também que, todo educador, queira isso. É claro que alguns erros vão acontecer, sempre. Porque errar é humano, acontece com a gente. Só que existem alguns erros que a gente não pode suportar e nem tolerar, que são os erros por negligência e ou por má fé. Que aí, não tem conversa. Mas outros erros, vamos lá, vamos resgatar, vamos ver o que a gente pode fazer, enfim, vamos construir juntos. E isso até mesmo porque eu entendo que o professor tem esse lado humano.

Na educação humanística, centrada no indivíduo, a gente tem que perceber e ter em mente sempre que a construção é diária e que o olhar deve ser dirigido para aquela criança, aquele adolescente porque não é cérebro que vai para a escola falando assim: “ok, agora estou disposto, estou preparado, coloque tudo na minha cabeça.”. Não. Ali tem o ser humano com sua história de vida, e o ser humano só aprende algo que o afeta, que o toca, que faz sentido para ele. Só assim, ele consegue trazer para o seu dia a dia, gerando um significado e aí, ele aprende melhor. A gente vai falar muito mais sobre educação, principalmente a educação centrada no ser humano, a educação humanística. Confira sempre nosso blog.

* Assinada em 2015, a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), também chamada de Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146), afirma a autonomia e a capacidade desses cidadãos para exercerem atos da vida civil em condições de igualdade com as demais pessoas.

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