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E se, de repente, não for nada disso.

As mentiras que nos contaram.

Ainda bem pequena, percebi que no mundo, havia várias regras impostas pelos adultos. Mas havia muitas outras coisas que eles não sabiam explicar. Assim, inventavam histórias para que suas crianças não ousassem ultrapassar do terreno seguro e conhecido traçado por eles. Mas… e se, de repente, não for nada disso. As mentiras que nos contaram.

De repente, mentiras que amedrontam

Aventurar-se para longe dos pais não era nada bom. Havia sempre o perigo do homem do saco. Desconhecidos eram um poço de maldade que iam desde a ‘batizar’ a laranja oferecida, usando seringas, numa versão de branca de neve, até nos raptarem e levar para outro país, longe de nossos pais. Homem era homem e mulher era mulher. Os pais, professores, padres, tratavam de separar um do outro. Retardaram, dessa maneira, uma troca muito importante ao conhecimento humano.

Apaixonar-se pelo ser humano, focar seu amor em uma pessoa do mesmo sexo era inadmissível. Todos os medos e ameaças eram feitos de maneira simulada, para garantir que essas pessoas se trancassem em seus armários. Tudo que escapasse ao senso comum, ou à explicação simplista era, com certeza, duvidoso.

Dessa maneira, proliferaram mulas sem cabeça, lobisomens, Boi Tatá e tantos outros. Amedrontar para limitar parecia ser a regra geral. Aliás, até a ciência era questionável já que Adão e Eva deram início à humanidade. Minha bisavó Ana, nascida em 1904, morreu sem acreditar que o homem tenha pisado na lua. E eu que acreditei que a ignorância pod eria ceder ao avanço científico e tecnológico.

Que nada. Os negacionistas estão aí para me não me desmentir.

E se, de repente, não for nada disso?

Contudo, fomos avançando e nos últimos 60 anos presenciamos mudanças cada vez mais rápidas. Ainda assim, há quem defenda que autismo é modinha, que tdah é falta do que fazer, que deficiências tornam as pessoas menos sujeitos de sua própria vida. E mais, os gêneros continuam a ser binários e a questão do espectro é coisa de gente promíscua que coloca como objetivo de vida, tornar extensa a identificação dos LGBTQIAPN+.

As mentiras que nos contaram

Sério? Me dá um tempo. A ideia de engessamento de possibilidades sempre me soou suspeita. Somos um universo infinito, com inúmeras possibilidades, expandindo e se transformando sempre. Logo, somos grandiosos demais para abrigar seres humanos medíocres e limitados.

Selma Sueli Silva é criadora de conteúdo e empreendedora no projeto multimídia Mundo Autista D&I, escritora e radialista. Especialista em Comunicação e Gestão Empresarial (IEC/MG), ela atua como editora no site O Mundo Autista (Portal UAI) e é articulista na Revista Autismo (Canal Autismo). Em 2019, recebeu o prêmio de Boas Práticas do programa da União Europeia Erasmus+. Prêmio Microinfluenciadores Digitais 2023, na categoria PcD. É membro da UNESCOSOST movimento de sustentabilidade Criativa, desde 2022.

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