Dificuldade de reconhecer lugares e rostos no autismo - O Mundo Autista
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Dificuldade de reconhecer lugares e rostos no autismo

Dificuldade de reconhecer lugares e rostos no autismo. Fachada de um prédio em preto e branco

Algumas características do autismo em mim, me deixam muito frustrada. A dificuldade de reconhecer lugares e rostos, para a pessoa está no espectro do autismo, é muito grande. Principalmente, se a pessoa conhecida não estiver no contexto em que normalmente a gente se encontra com ela. Compartilhar isso, com amigos, também não ajuda. São situações tão banais que normalmente causam espanto em quem ouve. E reforçam, em mim, a sensação de pouca inteligência.

Estou morando em Pelotas agora, no Rio Grande do Sul. Há pouco mais de um mês. Como moro no Centro, estou encantada de resolver minha vida a pé. Ontem, como fui ao shopping, tomei um uber. Afinal, era noite e são 11km de distância.

Ao retornar, também de uber, fiz o trajeto num papo animado com Sophia. Depois de algum tempo, ouvi a voz do motorista: “Chegamos”. “Ele estava em frente a um prédio que eu olhei e falei: “Onde estamos?” No endereço que a senhora colocou no aplicativo. Sophia disse: “Não é aqui.” O senhor deu uma ré e eu pude ler o nome de nosso edifício. “Sophia, estamos em casa.” Ela deu nova olhada no entorno e disse: “É mesmo.” O motorista se despediu da gente, sorrindo.

Desabafei com Sophia, sobre essa dificuldade de reconhecer lugares e rostos, no autismo. Fico muito chateada quando não reconheço locais já conhecidos, ou por causa de uma perspectiva diferente, ou porque é noite e quase sempre chegamos de dia. O fato de a cena ser estranha ao meu cérebro, me deixa chocada. Já tentei resolver, prestar mais atenção, mas nenhuma estratégia deu certo até hoje. Mas é A NOSSA CASA. Pelo amor!!!

Selma Sueli Silva é criadora de conteúdo e empreendedora no projeto multimídia Mundo Autista D&I, escritora e radialista. Especialista em Comunicação e Gestão Empresarial (IEC/MG), ela atua como editora no site O Mundo Autista (Portal UAI) e é articulista na Revista Autismo (Canal Autismo). Em 2019, recebeu o prêmio de Boas Práticas do programa da União Europeia Erasmus+. Prêmio Microinfluenciadores Digitais 2023, na categoria PcD. É membro da UNESCOSOST movimento de sustentabilidade Criativa, desde 2022.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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