Hoje vamos falar sobre as diferenças da fala no autismo. Isso diz respeito tanto à percepção quanto à produção da fala. Nesse sentido, a prosódia é um aspecto importante para a comunicação humana. Esse conceito se refere ao ritmo e à melodia da fala e serve para enfatizar ou modificar o sentido das palavras na comunicação oral. Portanto, envolve desde as pausas durante a conversa até o tom de voz.
Diferenças da fala no autismo e os impactos na comunicação
Então, para que haja uma comunicação dita funcional, é preciso que todos os participantes do diálogo consigam perceber e interpretar a prosódia um do outro. Dessa forma, é possível compreender melhor o significado das palavras naquele contexto. Mas, no autismo, esse processo ocorre de maneira diferente. Por exemplo, algumas pessoas autistas podem encontrar dificuldades para demonstrar emoção na voz.
Esse desafio pode estar diretamente ligado a certas dificuldades na comunicação. Ainda assim, muitos autistas podem desenvolver essa habilidade, inclusive na fase adulta, por meio do processo de camuflagem social. Ou seja, quando apesar da dificuldade, o autista encontra uma estratégia que não a deixe perceptível.
Autistas podem desenvolver a fala com emoção?
Na verdade, os aspectos da prosódia baseados em regras e dependentes do contexto são aprendidos ao longo da infância e no início da idade adulta. Nesse sentido, as função formais da prosódia linguística são consideradas mais fáceis de aprender para indivíduos no espectro do autismo. Afinal, elas são baseadas em regras e se aplicam a todos os contextos. Exemplos disso são a estrutura sintática, a ênfase lexical e o tom lexical.
Sendo assim, é crucial levar em conta os diferentes estágios de desenvolvimento ao avaliar as habilidades na prosódia. Portanto, serão necessárias mais pesquisas para verificar os efeitos da idade, da experiência e das intervenções terapêuticas na competência prosódica. Afinal, crianças autistas muitas vezes apresentam dificuldades que podem desaparecer com o amadurecimento das habilidades linguísticas e o desenvolvimento de estratégias de camuflagem social. Porém, os fatores que contribuem para isso ainda não são um consenso entre os cientistas.
Autora
Sophia Mendonça é uma jornalista, escritora e pesquisadora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+
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