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Diagnóstico e o reconhecimento do autista

Lá se vão 6 anos do meu diagnóstico. De lá pra cá, muita coisa mudou. Aliás, o que tem a ver diagnóstico e o reconhecimento do autista? Então vou escrever: uma coisa ainda incomoda: ouvir as pessoas dizendo que agora, tudo meu é sobre autismo. Gostaria de entender qual parte da necessidade do autoconhecimento essa pessoa não entendeu.

Outros que já me conheciam, preocupados comigo, dizem: não fala que você é autista não, que isso ou aquilo e característica do espectro, pois você nem parece autista. Fico primeiro chateada. Depois decepcionada. Falo que sou autista não por não ter outro assunto. Falo para explicar minha mudança de comportamento.

Mudança de comportamento é o reconhecimento do autista

Explico: a minha vida inteira, até 2016, eu me esforçava para enquadrar. Para corresponder a expectativa social que cada relação traz consigo. Agora, se meu prazo de estar com a pessoa vence, eu já digo. “Estou sobrecarregada sensorialmente. Aprendi com o diagnóstico que se respeitar meus limites, me desorganizo e fico pior. Posso ter um colapso”.

Se erro o caminho para ir a determinado lugar, quando chego, peço: “Me dê um tempo para respirar e ficar sozinha. Pois agora estou muito irritada

e posso ter comportamento inadequado.” ANTES do diagnóstico, nessas horas em que a pessoa vinha com piadinhas para descontrair, eu entrava em crise. Elas, certamente, me rotularam de sem esportiva. Eu que me virasse com minha frustração. E foi o diagnóstico que me trouxe esse reconhecimento.

Diagnóstico é autoconhecimento e reconhecimento

Sempre que me pego lembrando dessas situações vividas antes do diagnóstico, tendo a entrar em crise. Você deve pensar: então não lembre. Até poderia me exercitar para isso. Mas, há situações específicas que funcionam como gatilho. E é sobre elas que vou falar no texto de amanhã. Aguarde e até lá!

Selma Sueli Silva é criadora de conteúdo e empreendedora. É articulista na Revista Autismo (Canal Autismo) e Conselheira da Unesco Sost Transcriativa. Em 2019, recebeu o prêmio de Boas Práticas do programa da União Europeia Erasmus+.

Mundo Autista

Ver Comentários

  • Boa tarde. Você teria indicação de clínica ou profissional especializados no diagnóstico de TEA em adultos no Rio de Janeiro capital? Obrigada.

  • Tenho amado receber seus textos. Me vi por inteira nesse seu relato. É exatamente assim que me sinto, hoje eu sei como funciono, o que está "acontecendo" dentro de mim durante as situações, e aí sim consigo me cuidar de verdade. Antes tudo que eu fazia era paliativo. Também percebo que parei de buscar e de permitir que esperassem de mim uma "cura" para comportamentos e funcionamentos meus. O meu diagnóstico me ajudou com a autoaceitação e, consequentemente, tem me ajudado com a construção do meu amor próprio.

  • Boa tarde, sou autista nível 1 de suporte e me identifico muito com seus relatos, muito obrigada por compartilhar!!

  • Bem interessante a tese do gatilho. Associei os sintomas de meu filho a este stress de casos passados que não conseguem se desmontados ou não são compreendidos como naturais por ele.

  • Sinceramente, achei o texto pouco informativo, sem conteúdo. É um texto sobre os seus sentimentos, não sobre TEA. Pra quem tá buscando respostas, não ajuda muito.

    • Olá, Tatiana. Sinto muito que minhas vivências não acrescentaram nada para vc. É, de fato, um texto sobre vivências de uma pessoa autista. Se eu puder te ajudar de alguma forma, conte comigo. Abraço, Selma.

      • Ei, Wellington. Só um profissional pode avaliar se a pessoa é autista ou não. Isso porque mesmo que ela apresente alguns sintomas, podem não ser específicos para determinar que ela esteja dentro do espectro.

  • Tenho um filho de 24 anos com todos os indícios de ser autista mas ainda não tenho o diagnóstico pois ele não aceita ir ao médico como proceder neste caso?Preciso de uma orientação por favor.

    • Denis, sem forçar a barra, vá mostrando a ele que ser autista não é o fim da linha. Ao contrário, será um norte para o autoconhecimento que nos leva a maior qualidade de vida. Procure no instagram perfis de autistas adultos: @selmasuelisilva, @sophiamendonçaofocial, @carolautistando, @autismopensante, @autista_sincero entre outros.

  • Bom dia....Nao sei se sou autista ou nao mas me identifico muito com os relatos...sigo tudo sobre autismo devido a meu filho que tambem nao é diagnosticado como autista mas que tem muitas relaçoes cotidianas que levam a crer estar no espectro...mesmo sem o diagnostico e que por isso aplico as dicas que encontro nestes relatos com ele e funcionam muito bem para o bem estar dele
    Quero agradecer a todos que compartilham esssas informaçoes e dizer que adimiro a todos por nos oferecer a oportunidade de conhecer melhor este mundo ainda tao novo

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