Sim! Dia do orgulho LGBTQIA+ é dia de inclusão. Aliás, isso me faz pensar no imenso universo de pessoas que conheci. Por exemplo, pessoas que, ainda na infância, se percebiam diferentes de outras crianças. Ainda assim, a família, alheia às informações confiáveis, mantinha a criança dividida entre brincadeiras de menina ou de menino.
Dessa forma, os cochichos costumam ser constantes:
Viu como o filho dela é ‘efeminado’? Ou Viu, como a filha dela é bruta como um menino?
Ou seja, nos dois casos, a mãe tenta entender esse universo, até então desconhecido. Contudo, ela que não espere nenhum acolhimento. Em outras palavras, ela receberá apenas julgamentos, críticas e frases maldosas.
“Também, olha essa criação. Ah, se fosse meu filho(a)…
Dia do Orgulho LGBTQIA+ é dia de inclusão. Entretanto, as palavras escolha, promiscuidade, aberração, insulto à sociedade, falta de moral saem com muita facilidade de bocas conhecidas e desconhecidas. Bocas que nunca buscaram informações científicas sobre o assunto. Aliás, pior quando vêm de religiosos que, colocando-se acima de Deus, julgam e condenam o próximo. Então, em interpretação pessoal, eles dizem que essas pessoas não são filhas de Deus. E a ignorância que manipula milhões? É filha de quem?
Sophia Mendonça, autista e mulher trans, está agora se convalescendo da cirurgia de redesignação sexual. Ou seja, ela veio, ao nascer, designada com o sexo masculino. Contudo, agora, foi redesignada ao sexo feminino. Mas a cirurgia não é nenhum ato estranho ou disforme. Acompanhem, por exemplo, a evolução e vão conhecer profissionais que, com a crescente demanda da realidade social, se especializaram nesse tipo de cirurgia.
Esses profissionais não são ilusionistas. Ao contrário, são cientistas visionários, aptos a atender os anseios e transformações da sociedade. Os responsáveis pela cirurgia de Sophia são o Dr. José Carlos Martins Junior e o Dr. Claudio Eduardo de Souza. Eles são os responsáveis pela Clínica Transgender, em Blumenau, Santa Catarina.
Para além da competência técnica, são especialistas ainda, em humanidade. Assim, o acolhimento vai desde a chegada da paciente à cidade, até seu retorno para casa, 15 dias depois. A equipe é composta por enfermeiros, médicos assistentes, instrumentadores
e enfermeiros do Hospital Santo Antônio. O Hospital é do SUS que, aqui, no Brasil, é a entidade que possui estrutura para tanto. No caso de Sophia, a internação aconteceu na ala particular, sendo atendida pela mesma equipe de enfermeiros, técnicos, nutricionistas que atendem a população.“Eu me vejo como enfermeira desde pequena. Eu escolhi e abracei esta profissão. Quando me perguntam porque não fiz medicina, digo logo que nunca faria. O médico não tem esse contato direto com os pacientes. Eu não abro mão disso!” (Enfermeira Priscila)
“Apesar da sobrecarga, eu gosto muito da área de enfermagem.” (Enfermeira Patrícia, em meio a atenções à minha filha.
“Amo o que faço. Afinal, eu escolhi estar aqui e tenho de receber com muito acolhimento todos os pacientes. Afinal, estar num hospital, não foi escolha deles.” (Enfermeiro Raphael)
“Não se preocupe com nada. Aqui, na pousada, você tem toda a assistência para o pós operatório. Só vai para casa, quando estiver inteirinha e bem cuidada.” (Claudete, instrumentadora e responsável pela Pousada)
Hoje, eu como mãe, só gostaria que as políticas públicas de nosso país, diminuíssem a fila de espera por uma cirurgia de redesignação pelo SUS. Por exemplo, a espera hoje, é de 18 anos. Uma crueldade com uma parcela marginalizada da sociedade, mas não menos gente que nenhum de nós.
“Toda a vida é digna, cheia de possibilidades e é preciso que a sociedade ofereça condições equânimes e igualitárias para que todos possamos externar o nosso máximo potencial. Gente é para brilhar e não para ser julgada.” (Sophia Mendonça)
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