Saúde

Descomplicando o cérebro

Fui aos poucos, descomplicando o cérebro. Isso me fascina. Contudo, quando pensei que estivesse mais ‘afiada’, veio o diagnóstico de minha filha. Ou seja, autismo de altas habilidades. Surgia, na minha vida, o cérebro neurodivergente.

Segundo reportagem da revista Superinteressante, de 04 de outubro de 2017, o cérebro completa e cria imagens para preencher lacunasnão apreendidas por nosso olho. Até mesmo, de coisas que ainda não aconteceram. O cérebro nos engana.

O cérebro cria memórias falsas

Durante a movimentação de nossos olhos, o cérebro deixa de receber informação do ambiente por 0,1 segundo. Parece pouco. Só que os olhos fazem 150 mil desses pulos por dia.

Somando todos, ficamos cegos quatro horas por dia. Em outras palavras, não percebemos porque o cérebro preenche o vazio com projeções. Assim, as projeções dão a sensação de imagem contínua. Como um filme.

Para que a imagem seja fluida, o cérebro precisa criar uma projeção de 0,1 segundo do futuro. Assim, as imagens reais e as criadas viram um movimento perfeito.

Viva mais feliz descomplicando o cérebro

Além disso, a sobrevivência humana não exige precisão absoluta. Ao expressar ideias, às vezes temos dificuldade de encontrar as palavras certas. Ainda assim, conseguimos nos comunicar. Nossa memória não é fotográfica. Mas funciona.

Mesmo depois de aprender uma tarefa, como tocar violão, costurar ou falar um idioma, podemos errar ao executá-la. Entretanto, talvez nossa força esteja justamente nos erros.

Alguns cientistas acreditam que os erros elétricos do cérebro estejam entre os responsáveis pela criatividade humana. Afinal, esses erros alteram de forma imprevisível, as informações transmitidas entre neurônios,

Autismo: O mundo precisa de todo tipo de mente

Temple Grandin, diagnosticada com autismo na infância, tinha a habilidade de “pensar em imagens”. Ou seja, isso a ajudou a resolver problemas que cérebros neurotípicos não conseguiriam.

A mente autista se prende aos detalhes. Se formos realizar um teste em que seja necessário ver letras grandes e pequenas, a mente autista irá ver as letras pequenas mais rapidamente. Já o cérebro típico ignora os detalhes.

Portanto, ainda há muito que se aprender sobre os diferentes cérebros. Além de compreender, inclusive, sua importância para um mundo mais diverso e criativo.

Selma Sueli Silva é jornalista, radialista, youtuber, escritora, cineasta, relações públicas e pós-graduada em Comunicação e Gestão Empresarial. Foi diagnosticada com TEA (Transtorno do Espectro Autista) em 2016. Mantém o site “O Mundo Autista” no Portal UAI. É autora de três livros e diretora do documentário “AutWork – Autistas no Mercado de Trabalho”

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