Crítica: Três Anúncios para um Crime (2017) - O Mundo Autista
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Crítica: Três Anúncios para um Crime (2017)

Frances McDormand é a protagonista de Três Anúncios para um Crime. Ambiguidade humana é tema de filme vencedor do Oscar.

Frances McDormand é a protagonista de Três Anúncios para um Crime. Ambiguidade humana é tema de filme vencedor do Oscar.

Frances McDormand é a protagonista de Três Anúncios para um Crime. Ambiguidade humana é tema de filme vencedor do Oscar.

O filme policial “Três Anúncios Para um Crime” é uma análise dura e, ao seu modo, poética da sociedade moderna. Isso porque a obra traz oportuna reflexão para os dias atuais. Afinal, ela nos revela que ter valores descentes não significa algo positivo quando isto nos gera uma revolta que é canalizada para o ódio. Já o amor é o que nos torna capazes de ter maior discernimento, enquanto a raiva “germina”.

Ambiguidade humana é tema de filme vencedor do Oscar

A narrativa se centra em Mildred Hayes (Frances McDormand), uma mulher chocada com a ineficácia da polícia em encontrar o culpado pelo brutal assassinato de sua filha. Ela decide chamar atenção para o caso não solucionado alugando três outdoors em uma estrada raramente usada. Esta atitude inesperada repercute em toda a cidade. Além disso, tem consequências afetam várias pessoas. Especialmente, a própria Mildred e o Delegado Willoughby (Woody Harrelson), que é o responsável pela investigação.

O diretor e roteirista Martin McDonagh não poupa crítica a qualquer instituição, seja ela a polícia ou a imprensa. Com isso, o cineasta denuncia um sistema falho, seja por incompetência, impotência ou mesmo comprometimento ético ou moral. Porém, acima de tudo, este é um filme sobre gente em suas humanidades e contradições. Dessa forma, “Três Anúncios para um Crime” é capaz de provocar sentimentos mistos no espectador ao longo das quase duas horas de projeção. Além disso, a obra é especialmente contundente em sua cena final.

Frances McDormand é a protagonista de Três Anúncios para um Crime

Frances McDormand confere força e bravura à personagem principal. Este desempenho, merecidamente, lhe rendeu a segunda estatueta de suas três estatuetas do Oscar. Afinal, a primeira delas havia sido por “Fargo – Uma Comédia de Erros” (1996) e a terceira viria com “Nomadland” (2020). O interessante é que, com essas características, seria fácil cair na armadilha de tornar Mildred uma protagonista fria. Porém, o que se vê é justamente o contrário. Assim, um turbilhão de emoções se passa pela personagem por meio de expressões e olhares contidos. Com isso, do luto à busca por esperança, Mildred passa longe de se marcar como uma heroína unidimensional.

Já Sam Rockwell, também condecorado pela Academia por sua performance, é brilhante na construção do ser mais odioso da produção. Porém, o personagem passa por uma jornada de luta e tentativa de redenção. Com isso, o ator mostra além do estereótipo de policial durão. Afinal, há um homem que tenta, muitas vezes, sem sucesso, lidar com as próprias fraquezas. Por sua vez, Woody Harrelson interpreta um policial com câncer que tem de lidar com as dificuldades em sua vida pessoal e profissional. Essa composição também está alinhada com o cerne da obra de evidenciar a humanidade dos indivíduos sem cegar-se às consequencias dos atos deles.

Avaliação

Avaliação: 5 de 5.
Sophia Mendonça

Autora da Crítica

Sophia Mendonça é uma influenciadora, escritora e desenvolvedora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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