Arte e entretenimento

Crítica: Nyad (2023)

Nyad” (2023) é uma narrativa bonita que vai contra a noção social de etarismo na luta pelos sonhos. Nesse sentido, o filme aposta em uma abordagem que tenta ir ao encontro da trajetória dos diretores Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi como documentaristas premiados.  Ou seja, a obra trabalha a ideia de superação por meio de flashbacks e recortes que relatam acontecimentos. 

Porém, mesmo sob a ótica jornalística, a dupla de cineastas falha ao não conferir uma complexidade à trama. Isso porque eles fogem de controvérsias que evidenciem outros lados da narrativa. Dessa forma, o viés reduz “Nyad” a um enredo sobre triunfo às adversidades que não apresenta nem a emoção nem a densidade que conferem força às melhores narrativas do estilo.

Annete Benning e Jodie Foster brilham no superficial Nyad

Apesar disso, o filme conta com uma interpretação potente de Anette Benning. Afinal, a intérprete veterana confere ferocidade e algumas arestas de personalidade ao papel principal. Assim, dentro do possível, ela consegue dar alguma profundidade e tempero à personagem. Além disso, evidencia uma química vibrante com Jodie Foster, que aqui é a treinadora e melhor amiga da protagonista.

A interpretação de Jodie, aliás, também é importante para humanizar a narrativa. Dessa forma, ela não se intimida frente à força de Annette Bening nem transforma as cenas em um duelo dramático. Em vez disso, prefere usar o vínculo da dupla como um modo de evidenciar os paradoxos e belezas dessa relação.

Avaliação

Avaliação: 3 de 5.

Autora

Sophia Mendonça é uma jornalista, escritora e pesquisadora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+

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