I Wanna Dance with Somebody – A História de Whitney Houston é um filme que não parece conhecer a força do ícone que biografou. Afinal, além de ser uma cantora brilhante, Whitney era uma figura capaz de despertar percepções complexas. Isso fica evidente pelo filme Cinderela (1997), que a estrela produziu junto aos estúdios Disney. Além disso, interpretou a fada-madrinha. A alegria e o encanto que ela transmitia nessa obra soa paradoxal quando pensamos no envolvimento da artista com drogas, a trágica morte dela e outros desafios que enfrentou ao longo da trajetória.
Tudo bem que o longa-metragem tenta dar conta dessa complexidade. Mas, o roteiro de Anthony Mackie faz isso de uma maneira não menos burocrática do que acontecia na obra anterior dele, Bohemian Rhapsody. Esta foi outra cinebiografia decepcionante de uma estrela musical. Porém, rendeu a Rami Malek o Oscar de Melhor Ator. Assim, a fórmula deste novo filme não é diferente. Ou seja, separa a vitalidade da criação artística dos dramas pessoais. Com isso, não oferece nenhuma leitura histórica instigante sobre a personalidade que retrata.
Em vez disso, I Wanna Dance with Somebody prefere agradar aos fãs com uma abordagem narrativa superficial que se alia a bons números musicais. Porém, a interpretação de Naomie Ackie salva o filme de uma tentativa de cópia sem graça dos fatos. Afinal, a atriz compõe uma personalidade vulnerável que rapidamente se torna vítima de um sucesso inimaginável.
No mais, nem mesmo o uso da trilha sonora e dos vocais de Whitney Houston consegue fazer jus à força das interpretações dela. Afinal, a direção de Kasi Lemmons não se preocupa em criar um diálogo que não seja ilustrativo entre a música e a história. Com isso, I Wanna Dance with Somebody é um filme tecnicamente correto e fácil de assistir. Mas também é uma junção sem personalidade dos elementos da vida de Whitney Houston. Aliás, a obra encontra-se disponível no catálogo da HBO Max.
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
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