A estreia de “Frankenstein” na Netflix, sob a direção de Guillermo del Toro, foi uma surpresa grandiosa. O primeiro destaque é o comprometimento do diretor com o prático. Assim, utilizar as mãos em vez de depender totalmente do digital fez toda a diferença. Afinal, este foi um componente vital para entendermos a evolução da Criatura.
O longa-metragem propõe reflexões profundas sobre a natureza do nascimento e do desenvolvimento. Por exemplo, a Criatura (Jacob Elordi), embora fisicamente adulta, teria mentalmente a idade de um recém-nascido? Com isso, o filme questiona se ela não deveria passar pelo processo de aprendizado de uma criança para, enfim, pensar por si mesma.
Aliás, este é um detalhe que o egocêntrico e obcecado Victor (Oscar Isaac) ignora, mas que Elizabeth (Mia Goth) percebe instantaneamente. Essa dinâmica serve como uma poderosa analogia sobre como nossa perspectiva molda a realidade. Isso porque é o olhar que define a capacidade de se encantar, o desejo sincero de compartilhar bons momentos, a vontade de dar ao outro o melhor de si e a habilidade de enxergar o outro sem projetar nossas próprias crenças.
No final, a grande questão do filme é: quem é o verdadeiro monstro? Distanciando-se de interpretações simplistas, o roteiro mostra que a Criatura detém todo o potencial para o bem e para o mal. E que as ações dela, mesmo as mais selvagens, são reativas e motivadas pela autodefesa.
Com atuações primorosas e um esmero técnico notável em fotografia e figurinos, o filme ainda explora a ambição e as relações familiares. Além disso, a obra usa o simbolismo clássico da pessoa com deficiência visual que enxerga a verdade para compor um convite à reflexão. Dessa forma, “Frankenstein” pode até não satisfazer quem espera um terror grotesco, mas honra a assombrosa profundidade do livro original.
Selma Sueli Silva é criadora de conteúdo e empreendedora no projeto multimídia Mundo Autista D&I, escritora e radialista. Mestranda em Literatura pela UFPel, é também especialista em Comunicação e Gestão Empresarial (IEC/MG). Além disso, ela atua como editora no site O Mundo Autista (Portal UAI) e é articulista na Revista Autismo (Canal Autismo). Ela também é radialista, tendo trabalhado por 15 anos como produtora e debatedora do programa Rádio Vivo, na Itatiaia. E é autora de livros como “Minha vida de trás pra Frente” (2017), “Camaleônicos” (2019) e “Autismo no Feminino” (2022).
Em 2019, Selma recebeu o prêmio de Boas Práticas do programa da União Europeia Erasmus+. Além dele, ganhou Prêmio Microinfluenciadores Digitais 2023, na categoria PcD. E é membro da UNESCOSOST movimento de sustentabilidade Criativa, desde 2022. Como crítica de cinema, é formada no curso “A Arte do Filme”, do professor Pablo VIllaça. Também é mentora em “Comunicação e Diálogo” para comunicação eficaz e um diálogo construtivo nos Relacionamentos Interpessoais, Sociais, Familiares, Profissionais e Estudantis.
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Perfeita análise