“Evidências do Amor” (2024) é uma comédia romântica doce e divertida sobre a importância do cuidado nas relações amorosas e no amadurecimento mútuo de um casal. Muito desse carisma vem da sagacidade do roteiro de Pedro Antônio em transpor para as telonas a popular canção “Evidências”. Afinal, o diretor e roteirista é hábil ao tratar a música como o fenômeno cultural que ela é e inseri-la como meio para os lapsos temporais da narrativa. Ao mesmo tempo em que brinca com a constatação do quanto está música está impregnada no cotidiano dos brasileiros.
Dessa forma, os icônicos versos compostos por José Augusto e imortalizados na voz de Chitãozinho e Xororó mostram-se a trilha sonora perfeita para uma jornada em cronologia não linear das transformações na vida de um casal. Mas, mais que isso, eles também se revelam um artifício inteligente para a condução da narrativa.
Além disso, o filme engaja graças às interpretações simpáticas de Sandy e Fábio Porchat. Ao Porchat, aliás, cabe o papel mais complexo do longa-metragem. Isso porque o arco dramático do protagonista está diretamente ligado às reflexões que o filme busca extrair da música base. Porém, todo o desenvolvimento carece de um peso dramático que aprofunde melhor as nuances ditas e não ditas da letra de “Evidências”. Essa fragilidade acaba por limitar a densidade e a profundidade do envolvimento com a história.
Apesar disso, o jeito neurótico de Porchat cai como uma luva para o papel e se alia a boas doses de romantismo em uma criação interessante do homem comum, que se vê obrigado a repensar uma série de atitudes e comportamentos. Sandy, por sua vez, consegue driblar a impressão de ter sido escalada por ser uma superestrela com história ligada aos intérpretes da música. Isso porque, ao apostar em uma abordagem minimalista, ela oferece uma interpretação alegre e romântica, que serve bem ao desenrolar da trama.
Sophia Mendonça é jornalista e escritora. Também, atua como youtuber do canal “Mundo Autista” desde 2015. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Sophia também é formada nos cursos de crítica de cinema “A Arte do Filme” (2018) e “Teoria, Linguagem e Crítica Cinemtográfica” (2021), do professor Pablo Villaça. Assim, em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Já em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
Acessibilidades para uma explosão sensorial no autismo e o Transtorno do Processamento Sensorial (TPS) são…
Sophia Mendonça e o Budismo: “Buda é aquele que consegue suportar” e mesmo o inferno…
Crítica de cinema sem lacração, Sophia Mendonça lança newsletter no Substack. De volta às raízes,…
Conto infantil é metáfora para o autismo? Youtuber e escritora Sophia Mendonça lança contação de…
Nunca Fui Beijada é bom? Drew Barrymore é a alma cintilante de clássico das comédias…
Pensamento lógico e o autismo. O que isso significa? Tenho considerado o peso da ponderação…