“Fada-Madrinha” (2020), da Disney+, é uma espécie diferente de contos de fadas. Afinal, a diretora Sharon Maguire parece ter buscado inspiração em “Encantada” (2007). Ou seja, ambos os filmes têm em comum o modo como ao mesmo tempo satirizam, problematizam e endossam as noções ultrapassadas desse tipo de história. Além disso, o elenco forte e carismático é um trunfo das duas obras. Porém, “Fada-Madrinha” é mais hábil ao subverter convenções. Com isso, mostra que há várias maneiras de felicidade e amor que nem sempre envolvem o romance.
Aqui, Eleanor (Jillian Bell) é uma fada-madrinha em treinamento. Ela teme pelo fim da própria profissão em função de conflitos na terra onde essas fadas recebem treinamentos. Então, ela encontra uma carta de Mackenzie (Isla Fisher), que pensa se tratar de uma menina de 10 anos em busca de ajuda. Mas, ao localizar a jovem, Eleanor descobre que agora ela é uma viúva de 40 anos. A partir de então, o filme se desenrola para uma série de conflitos familiares e muita comédia besteirol. Esses contrastes em um clima fofo contribuem para o brilho nos desempenhos da dupla principal de atrizes.
Assim, Jillian Bell cativa com a ingenuidade e alegria que imprime às relações da personagem com humanos. Dessa forma, ela interpreta uma personagem rasa, que em tese não teria muito a oferecer além de alívio cômico. Porém, a atriz a converte no fio condutor desta narrativa sobre o papel das fadas madrinhas no mundo contemporâneo. Isso se deve à mistura entre comédia sem noção e uma vontade genuína de ajudar que ela empresta à personagem.
Além disso, o contraponto entre Jillian Bell e a seriedade brilhante de Isla Fisher sustenta todo o encanto e entusiasmo do longa-metragem. Dessa forma, fica mais fácil aceitar os malabarismo do roteiro para preencher a história com alguns conflitos que a empurrem para a frente. Mesmo assim, com um pouco mais de cuidado no enredo, este poderia se tornar um novo clássico.
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
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