A Baleia é um filme paradoxal. Afinal, este novo trabalho do cineasta Darren Aronofsky, que já nos presenteou com obras do quilate de Cisne Negro, oscila entre a crueldade e um melodrama de um modo desagradável. Mas também apresenta interpretações fortes e genuínas, que produzem trocas interessantes entre os personagens. Porém, o longa-metragem não trabalha as características que teria a seu favor para jogar com a plateia de modo subversivo. Em vez disso, o único foco da produção parece ser caracterizar Brendan Fraser como um homem com obesidade mórbida e vê-lo deteriorar em depressão. Portanto, a obra parece muito mais fascinada na transformação do astro, que faz de fato um bom trabalho, do que em provocar empatia pela situação de saúde física e mental em que o protagonista se encontra.
Ou seja, o cineasta não parece estar tão interessado em entender o comportamento do personagem quando em escancará-lo para as plateias. Por exemplo, a representação do isolamento de Charlie em seu apartamento miserávelinclui uma cena dele se masturbando vendo pornografia gay com tanto entusiasmo que quase tem um ataque cardíaco. Então, o choque e a vergonha tomam conta.
Porém, eles parecem menos à serviço de uma discussão coletiva sobre saúde do que de uma tentativa de provocar emoção ao público a qualquer custo. Mas, pelo menos, Brendan Fraser traz mais calor e humanidade ao papel do que ele tem de fato. De resto, o que vemos é a tentativa do choque pelo choque. O que se estende aos trabalhos de maquiagem e prótese e ao roteiro que explicita demais as emoções.
Porém, as atuações novamente vem como um quase alento. Por exemplo, Hong Chau interpreta uma enfermeira e amiga de longa data como um perfil atencioso e sensato. Mas, mais uma vez, quando pensamos que há a possibilidade de nos engajarmos no filme, percebemos que a obra se passa em um espaço limitado. E novamente, surge o grave problema de fetichização do sofrimento por meio de uma fotografia claustrofóbica.
A partir daí, A Baleia quase se sustenta novamente, porque entra em cena Sadie Shink, como a filha rebelde e distante de Charlie. Aliás, ela nasceu antes que se assumisse gay. Mas, por mais que a atriz traga imediatismo e acessibilidade ao papel da adolescente mal-humorada, o que fica é esse emaranhado de incômodos totalmente subdesenvolvidos como arte.
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
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“a serviço” não tem crase (não existe antes de palavra masculina).
Pessoalmente não gostei da crítica, penso o contrário, filme muito bom…
Vi o filme e a critica elencada pela pseudo youtuber, pseudo podcaster, pseudo escritora e pseudo pesquisadora, não refletem em nada o que realmente é essa obra prima com uma atuação extraordinária de Brendan Fraser.
Estava pesquisando sobre o filme e infelizmente cai nesse texto deprimente disfarçado de crítica.
Pior que concordo. Quando o filme terminou ouvi dias pessoas comentando "nossa, vamos lanchar tomando uma água e comendo algo mais saudável, porque vai que né? Deus me livre ficar gorda assim". E nem eram pessoas com sobrepeso de fato. O filme merecia uma narrativa que gerasse alguma empatia do público pelo personagem e fosse mais fundo ainda no seu psicológico ao invés de somente chocar pela aparência.
Por isso que não tem comentários... Que crítica pobre e fraca... Quer rotular os filmes?? Kkkk. Muita pretensão, amigo
O filme é uma obra prima existencialista e fala das relações entre as pessoas, oscilando entre o amor extremo e o desamor, o cuidar e o abandonar. Depressão e angústia tão presentes nos dias atuais. O filme retrata com maestria a saga humana da existência.
PS: You tuber não é nada, não tem nenhuma especialidade para que percamos tempo em ouvir.
Filme extraordinário e pesado ao mesmo tempo, uma história perfeitamente real que muitas pessoas vivem. Admitir que tem uma compulsão alimentar e obesidade e uma situação extremamente difícil e triste, poucos filmes me tocam de tal forma. Simplesmente um lindo trabalho que espero que abra os olhos e toque cada pessoa que o assistir.