Arte e entretenimento

Crítica: “De Repente 30” (2004)

Poucas fases da vida são tão universalmente turbulentas quanto a adolescência. É um período de mudanças avassaladoras — físicas, emocionais e sociais — que nos força a confrontar uma nova identidade em um mundo que parece hostil. Nesse cenário, a crueldade entre jovens floresce, marginalizando aqueles que não se encaixam no molde. O resultado é uma memória marcada pelo medo do futuro, pela estranheza diante do espelho e por uma dolorosa sensação de não pertencimento.

O que significa De Repente 30?

É por esse caráter universal que a jornada de Jenna em “De Repente 30” se torna tão familiar desde as primeiras cenas. Aos 13 anos, ela personifica essa angústia: seu único amigo é o garoto que secretamente gosta dela, mas sua busca por aceitação culmina em uma festa desastrosa onde se torna alvo de humilhação. Para quem já sentiu o peso da inadequação dessa idade, a cena é um gatilho de empatia. O filme captura essa dor de forma sutil e eficaz, e por isso, quando Jenna deseja ter 30 anos — a idade que as revistas vendem como o auge do sucesso — embarcamos em sua fantasia sem hesitar. Afinal, que adolescente nunca sonhou em pular essa fase?

Qual é a moral do filme De Repente 30?

Contudo, o filme vai além da simples fantasia. Ele explora o preço de conseguir o que se deseja, levantando uma questão poderosa: a criança que fomos um dia teria orgulho do adulto em que nos transformamos? “De Repente 30” se torna, assim, uma celebração da autenticidade e da gentileza que muitas vezes se perdem no caminho. Com um roteiro que valoriza a espontaneidade, um romance doce entre Jennifer Garner e Mark Ruffalo e referências divertidas aos anos 1980 — incluindo a icônica cena ao som de “Thriller” —, o longa é uma fábula moderna sobre redescobrir a si mesmo.

De Repente 30 está disponível na HBO Max.

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Avaliação

Avaliação: 4 de 5.

Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.

Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça. Além disso, é autora de livros-reportagens como “Neurodivergentes” (2019), “Ikeda” (2020) e “Metamorfoses” (2023). Na ficção, escreveu obras como “Danielle, asperger” (2016) e “A Influenciadora e o Crítico” (2025).

Mundo Autista

Ver Comentários

  • Esse filme traz uma grande nostalgia, uma memória afetiva de quando não tínhamos o compromisso que um adulto precisa atender. Nesse sentido " De repente 30" é uma matafora para aqueles momentos em que desejamos voltar aos tempos de infância.

  • " De repente 30" me preparou para entender a chegada dessa faixa etária. A primeira vez em que assisti ,estava com 28 anos, hoje com 44 ,sempre que a TV exibe assisto. Tem uma lição que levo pra vida.

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