Arte e entretenimento

Crítica: Cinderela (2015)

O live-action de Cinderela de 2015 surgiu em um momento em que a Disney parecia tomar consciência do teor ultrapassado das narrativas de alguns contos de fadas. Dessa forma, a empresa se lançou ao desafio de reinventar a história e, ao mesmo tempo, voltar ao ponto primordial tão fascinante em suas fábulas infantis.

Live-action de Cinderela é releitura conservadora do conto de fadas

Mas, diferente de Malévola, que colocava a história da antagonista de A Bela Adormecida em nova perspectiva superando até mesmo o original, o remake de Cinderela não tem esse enfoque. Então, ao contrário das inúmeras releituras da história da Gata Borralheira, essa se mantém o mais fiel possível ao clássico que conhecemos na narrativa de Perrault e na animação de 1950. Assim, não apresenta grandes surpresas. Porém, é nas sutilezas que encontra o próprio encantamento.

Esta obra tem direção do experiente Kenneth Branagh. E como é marca registrada do cineasta, é produção grandiosa desde os detalhes. Ou seja, do figurino ao cenário, essa versão evoca a magia da história de maneira emocionante. E ainda, nem os efeitos especiais de última geração conseguem tirar o peso da carga dramática da história e dos atores. Com isso, Kenneth Branagh acerta ao nos aproximar do drama da jovem Ella. Assim, Cinderela se vale de todo o encantamento estético para nos envolver em uma história bem narrada e com forte apelo emocional.

Filme de Kenneth Branagh traz Cate Blanchett e Helena Bonham Carter

Lily James e Richard Madden dão vida a Cinderela e o Príncipe com delicadeza, mas ficam devendo maior tempero. De todo modo, a história de amor é atualizada sem perder a doçura e pureza que nos encantam há gerações. Então, em vez de mostrar duas pessoas se apaixonando magicamente à primeira vista, o cineasta consegue se aprofundar mais que o desenho na personalidade de cada um. Isso leva o espectador a entender o porquê desse amor verdadeiro e mútuo. Além disso, assim como Helena Bonham Carter rouba a cena em sua rápida aparição como Fada Madrinha, Cate Blanchett é soberba como a madrasta má. Afinal, mesmo preservando a crueldade de antes, a personagem nesta adaptação tem apelos mais complexos para ter se tornado um ser humano assim.

Avaliação

Avaliação: 3.5 de 5.

Autora da Crítica

Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.

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