Arte e entretenimento

Crítica: “Caramelo” (2025)

O filme da Netflix “Caramelo” é mais que um clichê, mas menos que um arrasa-corações. É que, quando um filme sobre um cachorrinho entra em cartaz, é fácil esperar uma fórmula pronta: um pouco de humor forçado aqui, uma tragédia previsível ali, e lágrimas garantidas no final. Felizmente, o filme nacional “Caramelo” se esforça para ir um pouco além das convenções do gênero. Assim, a obra de Diogo Freitas oferece uma história com identidade própria e muito carisma.

A trama acompanha o personagem de Rafael Vitti, que, ao mesmo tempo em que recebe a melhor e a pior notícia de sua vida, adota o cachorrinho vira-lata que dá nome à obra. A partir daí, o filme se desenrola seguindo os passos de um dono e seu cão, que constroem uma relação de afeto e proteção mútua.

Os Acertos de “Caramelo”, da Netflix: Carisma e Coração Brasileiro

O grande trunfo de “Caramelo” é, sem dúvida, a química entre seus protagonistas. Isso porque Rafael Vitti interpreta o papel principal com charme e carisma, e sua interação com o cãozinho é o pilar emocional do filme. Aliás, o personagem canino é adorável, seja em suas peraltices ou em seu instinto de cuidar do dono. Assim, ele conquista o espectador sem esforço.

Outro ponto positivo é ver o cinema nacional apostando em um filão que faz tanto sucesso lá fora, mas com toques bem brasileiros que dão autenticidade à história, como a presença de uma vizinha beata evangélica. Além disso, o filme retrata com sensibilidade e beleza a conexão quase mística que existe entre humanos e seus cães.

Onde o Roteiro de “Caramelo” Tropeça

Apesar dos acertos, “Caramelo” parece acelerado demais. Afinal, as várias reviravoltas na vida do protagonista fazem com que a narrativa se sinta apressada, não dando tempo para que os momentos dramáticos respirem como deveriam. 

Essa superficialidade é reforçada por diálogos muito expositivos e algumas liberdades artísticas que soam inverossímeis — a cena da visita do cachorro a alguém recém-operado, por exemplo, quebra a suspensão de descrença. Outro ponto que destoa é o desempenho de Vitti na hora de cantar, que infelizmente não se compara à sua qualidade como ator.

Veredito

No todo, porém, “Caramelo” é um drama bonito, que prende a atenção e consegue comover. A dupla principal carrega o filme nas costas e faz a jornada valer a pena.

Avaliação

Avaliação: 3 de 5.

Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.

Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça. Além disso, é autora de livros-reportagens como “Neurodivergentes” (2019), “Ikeda” (2020) e “Metamorfoses” (2023). Na ficção, escreveu obras como “Danielle, asperger” (2016) e “A Influenciadora e o Crítico” (2025).

Mundo Autista

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