Arte e entretenimento

Crítica: Bonequinha de Luxo (1961)

Não existe sentimento mais cinematográfico do que o amor, que é capaz de gerar o mais belo dos filmes. Assim, com o clássico Bonequinha de Luxo (1961), o roteirista George Axelro, do ótimo O Pecado Mora ao Lado (1955), enfrentou a difícil missão de adaptar o romance de Truman Capote para as telas. Este é um desafio por ter de misturar em seu script esse sentimento tão puro e belo que é o amor com outros elementos mais pesados, como golpismo e sexo. Dessa forma, Bonequinha de Luxo é um filme de grandiosa beleza.

A história do filme Bonequinha de Luxo

Esta obra conta a história de Holly (Audrey Hepburn), uma espécie de garota de programa de luxo. Ela procura um homem milionário para se casar e, consequentemente, ficar rica também. Então, Holly conhece Paul Varjak (George Peppard), a quem chama de Fred por causa do irmão de quem gosta tanto, e os dois se apaixonam. Porém, ele é um escritor frustrado e sustentado por uma dama. Isso faz ambos reverem seus conceitos.

Com isso, vários fatores fazem Bonequinha de Luxo ser a obra-prima que é. Por exemplo, o roteiro de Axelrod é excelente e condensa bem tudo o que acontece no filme em pouco menos de duas horas. Assim, a obra se mantém sempre interessante, ao mesmo tempo em que nos afeiçoamos pela dupla central, também por causa dos atores. Além disso, o texto se mantém atual até hoje, mais de 60 anos após o lançamento do longa. Afinal, ao apresentar personagens que querem subir na vida, o roteirista mostra que algumas pessoas abandonam até mesmo aqueles que amam para alcançar esse objetivo. Tudo isso culmina em um final de singular beleza.

Audrey Hepburn é icônica e impecável como protagonista de Bonequinha de Luxo

Quem dirige o filme é Blake Edwards, cineasta que futuramente seria mais conhecido por comédias. Ele acerta ao não tornar a obra nem triste demais, nem meloso demais. Dessa forma, o tom realista que o diretor confere à produção faz pensar que essa história poderia acontecer na frente dos nossos olhos. Também, a trilha sonora envolvente é ponto forte do longa-metragem, assim como a fotografia urbana da cidade de Nova York, que complementa o clima agradável.  Falando em interpretações, George Peppard está ótimo como Paul. O personagem não é muito diferente da protagonista de Audrey Hepburn Afinal, ele é sustentado por uma dama. Porém, a vontade de ajudar os outros aflora nele de maneira que ele passa a amar Holly. Assim, o que torna Bonequinha de Luxo um filme inesquecível tem nome e sobrenome: Audrey Hepburn. 

Isso porque o papel de Holly traz uma armadilha. Afinal, poderíamos achá-la uma mulher fútil e gananciosa Porém, com a delicadeza característica, Audrey Hepburn a transformou em uma mulher sonhadora com  dramas palpáveis. Não é à toa que ela tem um gato sem nome, assim como ela também se percebe como alguém sem identidade. Aliás, esse felino faz com que o filme tenha um sabor especial para quem tem gatos. Então, chegamos aos momentos finais, na chuva. Afinal, é aí que a personagem de Hepburn descobre a importância do amor. Enfim, é a performance de Hepburn que transforma essa obra em algo tão belo.

Avaliação

Avaliação: 5 de 5.

Autora da Crítica

Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.

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