Arte e entretenimento

Crítica: As Golpistas (2019)

Uma das características importantes ao se analisar um filme é o grau de complexidade humana e de identificação com o público apresentado pelos personagens. Afinal, esse elo é vital à intensidade de efeito e à empatia de qualquer história. Seja de qual natureza ela for. Assim, é essa surpresa que torna As Golpistas um filme mais interessante do que a média de produções que tratam sobre roubos e trapaças no mundo contemporâneo.

Lorene Scafaria traz anti-heroínas verossímeis em As Golpistas

Isso porque obra da diretora Lorene Scafaria vai além de uma história sobre glamour, strippers e o submundo do crime. Afinal, há algo de real e sensível no retrato daquelas mulheres. Ou seja, elas subvertem as expectativas ao surgirem na tela como “gente como a gente”. Isso ocorre apesar dos atos inescrupulosos que elas cometem. Dessa forma, esta é uma história sobre mulheres que tentam sobreviver em um mundo de crise econômica e moral, que é corrompido em diversos aspectos. Assim, elas possuem medos, inseguranças, fragilidades, afetos, carências, preocupações com a família e com o outro como qualquer um de nós.

Claro que isso não as torna menos responsáveis pelas escolhas questionáveis que tomam. Porém, as interpretações de todo o elenco, em especial Costance Wu e Jennifer Lopez, conduz a uma leitura das personagens como anti-heroínas. Isso ocorre sem que percam de vista as nuanc es e a complexidade de suas emoções. Além disso, na linha de “Oito Mulheres e um Segredo

” e da versão contemporânea de “As Panteras“, o filme aproveita para mostrar como é perigoso subestimar as mulheres.

Filme é um exemplar eficiente do cinema sobre roubos

Com isso, “As Golpistas” soa como um misto de dois outros filmes: “A Grande Aposta”, de Adam McKay, que é um dos produtores deste longa-metragem, e “Bling Ring – A Gangue de Hollywood”, dirigido por Sofia Coppola. Do primeiro, herdou um pouco da linguagem e do tom irônico, o que o torna mais agitado que o segundo, embora não traga a mesma contundência deste. Ainda assim, os filmes de Lorene Scafaria e Sofia Coppola se tornam similares por não apostarem em grandes floreios e, nem por isso, serem menos impactantes em suas provocações.

Avaliação

Avaliação: 3 de 5.

Autora da Crítica

Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.

Mundo Autista

Posts Recentes

O suporte do autismo nível 1 é para a vida toda

Em 2013, a síndrome de asperger passou a compor o Transtorno do Espectro do Autismo.…

2 horas atrás

Crítica: Silvio (2024)

Silvio mistura uma narrativa frágil de filme policial com alguns toques biográficos sobre o personagem-título.…

2 dias atrás

O autismo nível 3 de suporte no filme Quem Vai Ficar com Mary?

O autismo nível 3 de suporte no filme Quem Vai Ficar com Mary?

4 dias atrás

Luto e empatia

No autismo não há regra de como será vivido o luto e empatia. Desde 2008,…

4 dias atrás

Mãe autista – Nem tudo é o que parece

Nem Tudo é o que parece foi o último livro lançado por mim e minha…

1 semana atrás

A natureza do mal em Wicked

A natureza do mal em Wicked é tema de análise budista. Com isso, Sophia Mendonça…

1 semana atrás

Thank you for trying AMP!

We have no ad to show to you!