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Crítica: Ângela (2023)

Ângela é um filme irresponsável sobre um caso de feminicídio. Obra banaliza a violência doméstica e torna-se um desperdício temático histórico

Ângela é um filme irresponsável sobre um caso de feminicídio. Obra banaliza a violência doméstica e torna-se um desperdício temático histórico

Ângela é um filme irresponsável sobre um caso de feminicídio. Obra banaliza a violência doméstica e torna-se um desperdício temático histórico

“Ângela” (2023) é um dos maiores desperdícios de temática que eu já vi em qualquer longa-metragem. Afinal, depois do podcast “Praia dos Ossos” trazer uma observação contundente que envolvia amor, crime e controvérsias, era de se esperar que esta nova obra ao menos se aproximasse conceitualmente dessa densidade. Sò que poucas vezes eu vi no cinema abordagem tão superficial e mal recortada quanto a narrativa de Ângela.

Esse problema é grave a ponto de me incomodar não apenas como crítica de cinema. Mas, principalmente, como mulher. Isso ocorreu porque o filme não parece interessado em dialogar o argumento absurdo de legítima defesa da honra com o contexto atual de violência doméstica. E pior: ele não desvenda a personalidade da personagem-título nem analisa o caso criminoso chocante e emblemático.

Ângela é um filme irresponsável sobre um caso de feminicídio

Na trama, a socialite Ângela Diniz (Isis Valverde) acaba de se divorciar. Com isso, ela teve que abrir mão dos filhos. Então, quando conhece Raul (Gabriel Braga Nunes) ela acredita ter encontrado alguém que ama seu espírito livre tanto quanto ela. Essa atração avassaladora faz o casal largar tudo e viver o sonho de reconstruir suas vidas na praia. Porém, a relação declina rapidamente para o abuso e violência.

Assim, o filme parte de uma premissa juridicamente importante. Com isso, poderia tornar-se um daqueles filmes densos, envolventes e reflexivos sobre violência contra a mulher, à exemplo de “A Verdadeira História de Tina Turner” (1994). Em vez disso, o que vemos na tela majoritariamente é um ciclo de sexo apaixonado e violência, sem muitas menções aos motivos que tornaram o caso famoso. 

Obra banaliza a violência doméstica e torna-se um desperdício temático histórico

A culpa desse fracasso não é nem de Isis Valverde nem de Gabriel Braga Nunes, que interpretam o casal principal. Isso porque eles fazem o que podem em meio a essa abordagem desastrosa. Então, exibem química e esforços dramáticos nas composições. Porém, como essas atuações estão a serviço de uma abordagem desastrosa, toda essa paixão toda essa paixão torna a experiência de assistir ao filme ainda mais detestável. Afinal, o slogan que dá mote à obra é “quem ama não mata” e o que vemos aqui é um drama romântico banal.

Avaliação

Avaliação: 1 de 5.
Sophia Mendonça

Autora da Crítica

Sophia Mendonça é uma influenciadora, escritora e desenvolvedora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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Fabiana Blaz Cid
Fabiana Blaz Cid
6 meses atrás

O filme é péssimo. Pra quem ouviu Praia dos Ossos então… Nota 0

Renato
Renato
6 meses atrás

ENTENDE-SE QUE UMA OBRA CINEMATOGRÁFICA, É PASSIVA, NA INTERPRETAÇÃO DO ARGUMENTO QUE À FEZ EXISTENTE ! PASSÍVEL TAMBÉM DE UMA RELEITURA, PARA UMA OUTRA VERSÃO.