À primeira vista, adaptar a lenda sobre a princesa Anastasia, que teoricamente teria sobrevivido à Revolução Russa, pode parecer uma inspiração ousada para um musical de animação. Afinal, este é um tema histórico muito mais adulto e bem menos lúdico do qualquer outra história que tenha servido de base para uma princesa de contos de fadas.
Aliás, Anastasia foi uma produção da Fox antes de ser comprada pelos estúdios Disney. E aqui, há um equilíbrio maior entre romance juvenil, temas adultos e diversão infantil. Além disso, é um filme primoroso e tocante da animação à trilha sonora, que se revelam perfeitamente afinadas com o tema russo.
Aparentemente o Czar e toda a sua família morreram durante a Revolução Russa. Porém, após alguns anos, surgiu um boato de que a Princesa Anastasia teria sobrevivido. Como sua avó, a grã-duquesa imperial que vive em Paris, ofereceu uma recompensa de 10 milhões de rublos para quem encontrasse sua neta, apareceram várias “Anastasias” sonhando ficar com a recompensa.
O filme se passa nesse cenário e tem uma leve inspiração no longa-metragem de 1956, que rendeu o Oscar a Ingrid Bergman pelo papel de uma das impostoras mais conhecidas a se passar por Anastasia. Assim, em Moscou, Dimitri e Vladimir se esforçam para encontrar uma jovem que se parece com a princesa desaparecida. Com isso, objetivam ganhar a recompensa. Então, quando estão quase desistindo de descobrir a impostora perfeita, eles encontram Anya. Ela é uma jovem órfã que não se lembra do passado e tem tudo para se fazer passar por Anastasia.
Dessa forma, a dupla de vigaristas começa a treiná-la. Logo, eles rumam para Paris. Mas, gradativamente, Dimitri passa a acreditar que Anya é realmente a princesa desaparecida. E para complexificar a situação ainda mais, ele está apaixonado por ela e sabe que não haverá permissão para que um plebeu se case com alguém da realeza.
Anastasia não fica nada a dever às melhores animações da Disney. Afinal, além de se apropriar com maestria da fórmula consagrada do estúdio, o filme tem como diferenciais um forte calor humano e um cuidado impressionante com os desdobramentos do enredo. Isso ocorre, principalmente, na maneira como a produção dialoga inspiração em fatos com criações fictícias inesquecíveis.
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
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