“Amor Bandido” (2025) chega com uma promessa e tanto: unir os talentos recém-oscarizados de Ke Huy Quan e Ariana DeBose em uma mistura de comédia romântica e ação estilizada. A premissa é boa, o elenco é ótimo, mas o resultado, infelizmente, não consegue dizer a que veio.
O grande problema do filme é que seu roteiro parece atirar para todos os lados, sem acertar em nenhum. Afinal, com apenas 83 minutos, a sensação é de que estamos assistindo a um amontoado de cenas de ação com violência cartunesca. Enquanto isso, os elementos que realmente poderiam nos conectar com a história — o romance e a comédia — ficam subdesenvolvidos e sem espaço para respirar.
Na história, conhecemos Marvin Gable (Ke Huy Quan), um pacato corretor de imóveis que esconde um passado como um criminoso extremamente habilidoso. Sua vida suburbana vira de cabeça para baixo quando sua antiga parceira no crime, Rose (Ariana DeBose), ressurge e o força a mergulhar de volta no submundo que ele tanto lutou para abandonar.
O roteiro, assinado por Matthew Murray e Josh Stoddard, não consegue equilibrar bem a mescla de gêneros. Isso porque a violência é estilizada, quase um desenho animado, buscando um humor físico que nem sempre funciona. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento do romance entre os protagonistas carece de profundidade e química. O que torna difícil torcer pelo casal. Tudo isso cria um filme pesado e cansativo. Dessa forma, “Amor Bandido” falha na proposta de ser um entretenimento leve.
Para piorar, o filme introduz um excesso de personagens secundários e subtramas que nunca se desenvolvem de forma satisfatória. Isso contribui para um ritmo que é, ao mesmo tempo, acelerado e narrativamente confuso. Então, na tentativa de ser descolado, o longa sacrifica a coesão e recorre a narrações em off para explicar pontos do enredo que deveriam ter sido construídos de forma mais orgânica.
No campo das atuações, Ke Huy Quan mais uma vez demonstra seu imenso carisma e talento para as artes marciais. Porém, a talentosíssima Ariana DeBose parece subaproveitada em um papel que não oferece muitas camadas para explorar. E nem mesmo a presença carismática de Lio Tipton no elenco de apoio consegue salvar o conjunto.
No fim, “Amor Bandido” é um filme que tinha todos os ingredientes para dar certo, mas se perdeu no meio do caminho. Assim, esta é uma obra que não decola, deixando uma sensação de oportunidade perdida.
Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UfPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.
Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça. Além disso, é autora de livros-reportagens como “Neurodivergentes” (2019), “Ikeda” (2020) e “Metamorfoses” (2023). Na ficção, escreveu obras como “Danielle, asperger” (2016) e “A Influenciadora e o Crítico” (2025).
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