Álbum de Família é uma fotografia incômoda de questões familiares mal resolvidas. Isso inclui desde problemas cotidianos a segredos do passado, além dos conflitos entre gerações. Assim, os cenários áridos de Oklahoma se revelam perfeitos para essa adaptação de peça teatral. Além disso, o elenco de primeiro nível sabe explorar a densidade do texto.
Dessa forma, Álbum de Família tem como base a premiada e aclamada peça de Tracy Letts. Assim, Barbara (Julia Roberts), Ivy (Julianne Nicholson) e Karen (Juliette Lewis) são três irmãs que se veem obrigadas a voltar para casa e cuidar da mãe viciada em medicamentos e com câncer (Meryl Streep). Isso acontece após o desaparecimento do pai delas (Sam Shepard). Esse encontro provoca diversos conflitos e mostra que nenhum segredo estará protegido. Além disso, enquanto tenta lidar com a mãe, Barbara ainda terá que conviver com os próprios problemas pessoais. Isso inclui relações difíceis com o ex-marido (Ewan McGregor) e com a filha adolescente (Abigail Breslin).
Então, mesmo que as origens teatrais ecoem nas composições exacerbadas do elenco e da direção de John Wells, a obra surpreendentemente funciona muito bem com essa característica. Afinal, há algo de áspero e grandioso em meio a todo o drama familiar. Ou seja, este é um film e vivo e doloroso.
Além disso, a dupla Meryl Streep e Julia Roberts é brilhante. Com isso, torna-se responsável pelos melhores momentos do filme. Esse vigor aparece especialmente quando elas dividem a cena e representam os embates das personagens. Também, as composições individuais são superlativas.
Assim, Julia Roberts evidencia sensibilidade com o papel mais complexo do longa-metragem. É que pouco a pouco a personagem vai revelando uma personalidade forte e muito semelhante à da mãe. Isso ocorre mesmo que ela condene as atitudes da matriarca. Já Meryl Streep âncora a narrativa com uma performance dramática e grandiosa, que confere toques de fragilidade a uma mulher dissimulada e manipuladora.
Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
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