Arte e entretenimento

Crítica: Aladdin (2019)

É sempre difícil mexer em um clássico, principalmente quando se trata da transição de uma animação para o live-action. Essa reciclagem no catálogo da empresa fundada por Walt Disney começou em 2010, com o decepcionante “Alice no País das Maravilhas”. Isso porque produção ficou muito aquém do que era esperado de um elenco repleto de nomes renomados e do grande diretor que Tim Burton já se mostrou em obras como “Edward Mãos de Tesoura”, “Os Fantasmas se Divertem”, “A Noiva Cadáver” e “A Fantástica Fábrica de Chocolates”. Já continuação de 2016, “Alice Através do Espelho”, também revelou-se frágil.

Live-action de Aladdin é fiel ao original com um quê Bollywoodiano

Então, é desafiador trabalhar com um material que, por si só, já traz grande prestígio. Assim, entre as melhores novas versões para o cinema desses filmes antigos encontram=se Malévola e Cruella, que quebraram diversos paradigmas de forma maravilhosa. Além deles, há A Bela e a Fera, responsável por modernizar o clássico sem perder a essência. Já “Aladdin”, de 2019, arrisca por ousar uma mudança considerável na narrativa com relação ao desenho animado de 1992. Dessa forma, aposta em um quê de musical Bollywoodiano. Porém, dessa vez, as alterações não oferecem inovações que o destaquem em relação ao original.

Aladdin (Mena Massoud) é um jovem ladrão que vive de pequenos roubos em Agrabah. Um dia, ele ajuda uma jovem a recuperar um valioso bracelete, sem saber que ela na verdade é a princesa Jasmine (Naomi Scott). O rapaz logo fica interessado na moça, que diz ser a criada da princesa. Porém, ao visitá-la em pleno palácio e descobrir sua identidade, ele é capturado por Jafar (Marwan Kenzari), o grão-vizir do sultanato. Isso porque ele deseja que Aladdin recupere uma lâmpada mágica, onde habita um gênio (Will Smith) capaz de conceder três desejos ao seu dono.

Este remake tem como destaque o gênio de Will Smith

Guy Ritchie (“Sherlock Holmes”, “Snatch – Porcos e Diamantes”) revela-se a escolha adequada para a direção deste longa-metragem. Afinal, o cineasta mostra um dinamismo e energia difíceis de serem transportados para o live-action e que eram muito presentes no filme dos anos 90. Isso porque Aladdin funciona difente de outros contos de fadas do estúdio, que na mistura romance, comédia e ação costumam privilegiar o primeiro. Porém, esta sempre foi uma obra mais focada na agilidade e na diversão. Com isso, é alívio para os fãs do original é saber que o cineasta conseguiu manter a essência da obra.

Outro ponto que deve agradar aos mais saudosistas é a interpretação de Will Smith como o gênio. Isso porque o ator explode de energia e carisma na tela com uma personagem difícil de ser transposto para carne-e-osso. Assim, mantém-se o personagem mais fiel ao original. Já Mena Mussad, como Aladdin, é preso por um arco dramático clichê desenvolvido no roteiro desta nova versão, mas não chega a comprometer como intérprete.

Enquanto isso, a Jasmine de Naomi Scott ganha uma pauta feminista ainda mais forte que na produção anterior. Isso é muito bem-vindo, assim como a aquisição da música-solo da princesa “Speechless”. Por outro lado, o vilão de Marwan Kenzari também não se mostra uma presença forte e ameaçadora. Outro problema é que as canções de “Aladdin”, salvo exceções como “A Whole New World”, não formam um conjunto tão inspirado ou marcante quanto outras obras do estúdio.

Avaliação

Avaliação: 2.5 de 5.

Autora da Crítica

Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.

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