Arte e entretenimento

Crítica: A Pequena Sereia (2023)

Fui assistir à versão em live-action de A Pequena Sereia (2023) com o coração apertado. Isso porque, além de considerar o original de 1989 um dos melhores filmes da Disney, sei que essa onda de remakes está longe de ser unanimidade para a crítica. Afinal, em algum grau, todos eles parecem não ter razão senão mercadológica para assistir. Ainda assim, alguns deram artisticamente muito certo, como A Bela e a Fera (2017). Porém, outros revelaram-se fiascos, como Mulan (2020).

A Pequena Sereia (2023) acerta com diretor experiente em musicais

Nesse sentido, para meu alívio como fã, A Pequena Sereia (2023) está mais próximo de um musical divertido e emocionante, como foi o remake de A Bela e a Fera, do que de uma recriação mal-feita que descaracteriza o original. Isso porque, enquanto o filme de 2017 teve direção do experiente cineasta de musicais Bill Condon (Dreamgirls), aqui assume a cadeira outro especialista do gênero. Afinal, também é de Rob Marshall a direção do aclamado Chicago (2002) e de O Retorno de Mary Poppins (2018), outra parceria agradável com a Disney.

Essa vivência do diretor com o gênero faz toda a diferença nesta nova adaptação do conto de Hans Christian Andersen. Assim, o filme envolve ao manter-se fiel à estrutura do original, enquanto expande a história e os personagens para conferir uma densidade mais realista aos conflitos que aborda. Dessa forma, A Pequena Sereia (2023) já é tocante na citação inicial ao conto original.

Protagonismo de Halle Bailey é o grande mérito deste longa-metragem

Neste filme, a caçula das filhas do Rei Tritão (Javier Bardem), Ariel (Halle Bailey) é uma bela e espirituosa jovem sereia com sede de aventura. Então, desejando descobrir mais sobre o mundo além do mar, Ariel visita a superfície e se apaixona intensamente pelo arrojado Príncipe Eric (Jonah Hauer-King), ao salvá-lo de um naufrágio. Mas, para procurá-lo em terra firme e se aproximar do príncipe human o, a sereia pede ajuda à bruxa do mar, Úrsula (Melissa McCarthy). Daí, aceita ceder sua voz para que a feiticeira lhe dê pernas. Agora, ela terá o desafio de se comunicar com o rapaz ao experimentar a vida em terra firme, além de entrar em conflito com os valores da própria família.

A Pequena Sereia (2023) tem como grande trunfo a escalação de Halle Bailey no papel principal. Isso porque escolher uma cantora profissional para dar vida a uma princesa Disney, em vez de uma atriz prestigiada sem tanta aptidão para o canto, dá nova profundidade à interpretação de Ariel. Também, ela sabe mesclar doçura juvenil e impetuosidade adulta na composição do papel. Com isso, atinge o ápice na versão da música “Part of Your World”, que revela-se o mais belo momento deste longa-metragem.

Filme, entretanto, tem muitos problemas

Ainda assim, A Pequena Sereia (2023) tem muitos problemas. Por exemplo, o filme conta com participações agradáveis de Javier Bardem, que imprime ternura ao Rei Tritão, e Melissa McCarthy, mais divertida que perigosa como a vilã Úrsula. Porém, ambos não conseguem fazer jus à força dos personagens originais. Também, papéis como os do caranguejo Sebastian e do príncipe Linguado enfraquecem à medida que ganham contornos mais realistas e nem a simpatia dos dubladores consegue mudar essa impressão sem graça. Já no papel do príncipe Eric, Jonah-Hauer King não é tão convincente, principalmente ao interpretar a música solo que o personagem ganha nesta adaptação. Para piorar, os efeitos visuais e a fotografia mostram-se cansativos ao nos imergir em uma experiência visual sombria demais para uma narrativa alegre, embora dramática.

Avaliação

Avaliação: 3.5 de 5.

Trailer

A Pequena Sereia (2023) acerta com diretor experiente em musicais. Protagonismo de Halle Bailey é o grande mérito deste longa-metragem.

Autora da Crítica

Sophia Mendonça é uma youtuber, podcaster, escritora e pesquisadora brasileira. Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.

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  • Acredito que, mais do que nunca, devemos questionar a veracidade das opiniões que ouvimos por aí. Não podemos mais aceitar de maneira passiva informações superficiais e comentários forjados que tentam impor uma ideologia à força. E quanto à Disney, esperamos que a empresa tenha um pouco mais de responsabilidade em relação às suas produções e não se esconda atrás de desculpas manjadas. Enfim, a verdade sempre prevalece e nós, como público, merecemos um tratamento honesto e transparente, não o que parece por aqui.

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