Crítica: A Noite das Bruxas (2023) - O Mundo Autista
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Crítica: A Noite das Bruxas (2023)

Kenneth Branagh surpreende em nova adaptação de Agatha Christie. A Noite das Bruxas é uma mistura sublime de terror e policial.

Kenneth Branagh surpreende em nova adaptação de Agatha Christie. A Noite das Bruxas é uma mistura sublime de terror e policial.

“A Noite das Bruxas” (2023) é uma rara adaptação de romance de Agatha Christie que consegue se aproximar do mistério intrincado e envolvente das obras da escritora. Trabalhos, aliás, que sempre foram difíceis de se adaptar. Além disso, o filme traz personagens de personalidade forte, um ótimo elenco e elementos de cinema de terror. Tudo isso torna a narrativa densa e deliciosamente divertida.

Neste novo filme da saga Hercule Poirot (Kenneth Branagh), o detetive participa de uma sessão espírita à convite da amiga escritora Ariadne Oliver (Tina Fey). Esse encontro acontece em Veneza, mais precisamente em um casarão com fama de mal-assombrado. O evento tem a condução de uma famosa médium (Michelle Yeoh, que ganhou o Oscar este ano por “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo”, de 2022). E, ao final da noite, um crime dá início a uma onda de assassinatos.

Kenneth Branagh surpreende em nova adaptação de Agatha Christie

Assim como “Morte no Nilo” (2022) e “Assassinato no Expresso do Oriente” (2017), este longa-metragem traz direção de Kenneth Branagh. Ele também interpreta o detetive Hercule Poirot. Além disso, o premiado cineasta tem um currículo extenso que vai de “Cinderela” (2015) ao premiado “Belfast” (2021). Dessa forma, ele criou uma identidade artisticamente mais clássica para a própria carreira.

Esse tradicionalismo é uma característica funcional para as adaptações de Agatha Christie. Afinal, Branagh confere um estilo sempre elegante às obras. Porém, em “A Noite das Bruxas”, o diretor mostra que também não tem receio de ousar explorar aspectos mais latentes da obra original. Com isso, ele oferece às platéias um filme de época visualmente denso e implacavelmente inteligente. Há, inclusive, um bom uso dos recursos tecnológicos recentes a favor do longa-metragem.

A Noite das Bruxas é uma mistura sublime de terror e policial

Assim, a maior parte da ação ocorre em uma mansão arrepiante durante um período assustador de chuva. Nesse sentido, o vigor de Kenneth Brannagh na direção impressiona. Afinal, ele não cede a uma abordagem mais dura e teatral, que é comum em filmes com cenários limitados, a exemplo de “The Boys in the Band” (2020) e “A Voz Suprema do Blues” (2020). Ao contrário, a construção de estilo gótico mostra-se o cenário perfeito para uma série de reviravoltas e assassinatos amedrontadores. Por sinal, o trabalho é fruto de uma mistura de locações em Veneza e efeitos visuais.

Ao mesmo tempo, “A Noite das Bruxas” revela-se uma observação empática do trauma pós-guerra. Essas cicatrizes psíquicas se refletem nos dramas dos personagens. Dessa forma, a abordagem proporciona um clima de terror mais verossímil e eficaz.

Avaliação

Avaliação: 4.5 de 5.
Sophia Mendonça

Autora da Crítica

Sophia Mendonça é uma influenciadora, escritora e desenvolvedora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal UAI.

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