Criatividade marca luta contra o câncer de mama no Outubro Rosa

Selma Sueli Silva e Camila Marques

No mês de conscientização e prevenção do câncer de mama, Selma e Camila falam sobre a importância do autocuidado. No Brasil,  anualmente, são registrados mais de um milhão de casos.

Selma Sueli Silva: Vamos falar do Outubro Rosa. Desde 1990, essa data é reforçada para que possamos fazer todo um aparato de uma conscientização da importância da mamografia, da  importância da mulher cuidar da sua saúde. Nos últimos anos, essa data ganhou uma grande força, cada município tem a sua programação. Normalmente, até os planos de saúde entram com atividades, eventos que selecionam mulheres de forma que, muitas vezes, o exame sai de maneira gratuita ou com várias outras facilidades.

Esse é um assunto importante porque, quando eu tinha a idade da Camila, normalmente a mulher começava a se preocupar com isso depois dos 40 anos. Mas agora, as mulheres com 30 anos, caso a família tenha histórico de câncer ou com 35 anos já se recomenda que o controle pela a mamografia. É muito interessante porque, embora a gente saiba que as mulheres têm a tradição de cuidar mais da saúde do que os homens, infelizmente o câncer de mama ainda é um possui dados alarmantes. Eu me lembro que a primeira vez que eu tive contato com essa realidade do câncer de mama que pode matar foi quando uma atriz de muito sucesso, a Dina Sfat (atriz brasileira, faleceu em 1989), ela morreu de câncer de mama. E o Brasil não se conformava com essa perda precoce, porque ficou parecendo que era algo que não era para acontecer, que podia ser prevenido, como de fato, é.

Então, o outubro rosa é um convite a todas as mulheres a esse carinho de se cuidarem. As campanhas reforçam como são as técnicas de prevenção, como a mulher pode fazer o autodiagnóstico, quando ela deve procurar o médico e mais: essas campanhas trazem os homens, os jovens e as crianças para estarem juntos nesse momento de conscientização, para que a gente não perca mais vidas preciosas para algo que pode ser prevenido. Parece, Camila, que há pouco tempo, você teve uma experiência a respeito. Conta pra gente.

Camila Marques: Em outubro do ano passado, eu acompanhei uma roda de capoeira de mulheres daqui de Belo Horizonte e região, a convite de uma professora da escola do meu irmão. Eu trabalhava produzindo conteúdo para rádio, mas naquele momento já não estava trabalhando com isso e decidi escrever para o meu blog sobre o grupo. O Movimento Feminino de Capoeira (MFC) é um grupo de mulheres de BH e região, treinadas pelo mestre Hiúma. Mensalmente, elas fazem a roda, mas neste outubro de 2019, elas fizeram a roda com o tema do câncer de mama porque uma das integrantes do grupo teve a doença. Então, elas fizeram este acolhimento até mesmo para conscientizar sobre o exame, da ida regular ao médico, pelo menos a cada seis meses, no caso de convênio médico ou pelo SUS, que também oferece esse acompanhamento. Falamos isso porque as mulheres possuem rotina dupla ou tripla, elas trabalham, têm filhos e cuidam da casa. Segundo pesquisa, mulheres possuem 7 horas* a m ais que homens em jornada de trabalho e isso implica na ausência do autocuidado. A mulher só consegue se cuidar se ela se colocar como prioridade

. E, muitas vezes, a mulher não consegue se priorizar por fatores externos como filhos, família, profissão e qualificação.

Embora o câncer de mama seja mais comum entre mulheres, Matthew Knowles, pai da cantora Beyoncé teve a doença também. Conforme dados, a incidência de câncer de mama no Brasil é maior após os 35 anos sendo ainda mais frequente após os 50 anos**. Todo o ano, são registrados mais de um milhão de casos (1.380.000), além das 458 mil mortes (dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Nós sabemos que o câncer para ocorrer depende de muitos fatores, como fatores internos, externos e genéticos. Mas esse acompanhamento rotineiro, essa atenção é muito importante. Eu, por exemplo, perdi uma tia para o câncer, embora não fosse o de mama. Ela vinha fazendo exames havia anos e tinha muitos problemas de saúde, mas o câncer no pâncreas não havia sido diagnosticado. Isso só aconteceu quando ela já estava no estágio 4 e não teve o que fazer. Foi uma perda muito difícil porque ela morreu com 48 anos e deixou uma filha, há 2 anos.

Selma Sueli Silva: Você disse que ela vinha fazendo exames normais, certo? Ou se tratava de algo preventivo?

Camila Marques: Eram exames rotineiros. Ela fez exames pagos, caros, inclusive, e não houve diagnostico. Por isso, a importância do autocuidado. Na dúvida, faça o exame de auto toque e caso haja alguma anormalidade, procure um médico.

Selma Sueli Silva: Se você procurar no google, você vai saber como se faz o auto toque no seio. No banho, você pode se apalpar para saber corretamente. Não pode ser no período menstrual porque, normalmente, nessa fase nossas glândulas mamárias estão inchadas. No caso da tia da Camila, a família agora está mais atenta, em casos de qualquer anormalidade, o que infelizmente não aconteceu com a tia dela. Por isso é que existe esse mês, para prevenirmos e nos cercarmos de cuidados. Porque saúde é o maior bem que a gente tem. Outubro Rosa: confirme a sua programação (online)  de sua cidade, no site da prefeitura. 

*Em 2017, uma pesquisa realizada pelo  pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que mulheres trabalhavam a mais que homens  7,5 horas a mais por semana. No entanto, uma realizada em 2019 revelou que as mulheres brasileiras dedicaram 10, 4 horas a mais que homens aos  afazeres domésticos e aos cuidados com outras pessoas. Disponível em:

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/27877-em-media-mulheres-dedicam-10-4-horas-por-semana-a-mais-que-os-homens-aos-afazeres-domesticos-ou-ao-cuidado-de-pessoas.

**Conforme dados da Sociedade Brasileira de Mastologia. Disponível em:

https://www.sbmastologia.com.br/noticias/incidencia-de-mulheres-com-cancer-de-mama-com-menos-de-35-anos-esta-entre-4-e-5-dos-casos/

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