A palavra empatia tem sido utilizada como fórmula mágica para se pensar em inclusão. Empatia não é somente uma palavra. Ter empatia é exercitar o sentimento de ‘vestir a pele’ do outro. Diante disso, pensar que crianças com deficiência atrapalham outros estudantes é desumano e cruel. Nós temos a capacidade psicológica de sentir o que outra pessoa sentiria?
O sentimento da empatia é o que leva as pessoas a ajudarem umas às outras. Está intimamente ligada ao altruísmo – amor e interesse pelo próximo – e à capacidade de ajudar.
Que sentimento leva o ministro da educação a dizer o seguinte: crianças com deficiência “atrapalham” outros estudantes. Ele deveria representar todos os cidadãos brasileiros. Em entrevista que concedeu ao programa Novo Sem Censura, da TV Brasil, 9 de agosto, o Ministro Milton Ribeiro criticou as diretrizes do processo de inclusão na educação do País.
São anos de luta pela inclusão social e escolar. Avançamos do modelo médico, que desejava consertar as pessoas com deficiência, para os modelos social e, mais recentemente, o modelo biopsicossocial.
No modelo social o foco está na comunidade e no ambiente social. As limitações seriam características que associadas às barreiras do ambiente resultariam na deficiência. É uma responsabilidade coletiva. As intervenções demandam uma ação social, e dependem de diversos fatores que vão além das questões de saúde.
Atualmente, a CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde), está baseada na integração dos dois modelos. O resultado é uma abordagem “biopsicossocial”. Esse modelo considera uma perspectiva biológica, individual e social. Eles são complementares. Como consequência, tais modelos precisam de uma abordagem deve ser biopsicossocial.
O contexto em que a pessoa vive é relevante e envolve fatores ambientais e pessoais. Como resultados, esses fatores interagem com as atividades e a participação da pessoa com deficiência. Logo, o que vai determinar se um ambiente é acessível ou inacessível são os sistemas, normas e leis estimulam uma sociedade. E adivinhem: esse é, exatamente, o trabalho de um bom ministro da educação. Elementar.
Selma Sueli Silva é jornalista, radialista, youtuber, escritora, cineasta, relações públicas e pós-graduada em Comunicação e Gestão Empresarial. Foi diagnosticada com TEA (Transtorno do Espectro Autista) em 2016. Mantém o site “O Mundo Autista” no Portal UAI. É autora de três livros e diretora do documentário “AutWork – Autistas no Mercado de Trabalho”.
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