A Revista Autismo, maior portal de notícias sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) na América Latina, publicou a lista dos seus dez artigos mais lidos do ano em 2023. Assim, ficamos surpresas ao constatar que, das três primeiras posições, duas foram ocupadas por trabalhos das criadoras do Mundo Autista. Ou seja, as criadoras do Mundo Autista estão entre as mais lidas na América Latina em 2023.
Dessa forma, o segundo artigo de 2023 com mais leitores no site da revista é assinado pela jornalista e escritora Selma Sueli Silva. Em Autismo e Altas Habilidades/Superdotação (2023), ela reflete sobre o próprio diagnóstico de Dupla Excepcionalidade. E observa que este é um assunto complicado. Afinal, muitas vezes as pessoas desejam ter essas características sem muita ideia do que significa ser superdotada na prática.
Assim, o diagnóstico de altas habilidades pode atrasar a observação médica de outras condições, como o autismo. Além disso, a autora considera que o contexto educacional brasileiro não tem o preparo adequado para lidar com pessoas superdotadas.
Então, Selma pondera: “Eu tive que fazer um esforço muito maior para dar conta da minha vida. Então, o diagnóstico serve para, ao detectar a deficiência, oferecer à pessoa o suporte para que ela trabalha suas limitações. Já se detectadas as altas habilidades ou a superdotação, você também terá que dar suporte. Afinal, uma inteligência privilegiada ou as altas habilidades em si não gera nada. Ou seja, a gente tem que fornecer suporte e, inclusive, o entendimento dos educadores para que eles possam dar a essa criança a condição de um desenvolvimento pleno”.
Outro texto que marcou presença foi “Movimentos repetitivos no autismo” (2023), da pesquisadora e contista Sophia Mendonça. Assim, a autora considera este um tema cientificamente complexo. Afinal, a estereotipia pode se apresentar de maneiras sutis e nem sempre é algo prejudicial que deve ser removido.
Então, Sophia reflete: “À medida que a gente caminha nos estudos sobre o autismo, mais certo fica o entendimento contrário àquele discurso inicial. Ou seja, de que as estereotipias não eram algo funcional. E que, portanto, essas características deveriam ser eliminadas para que a pessoa tenha um convívio social adequado. Esta noção vem caindo por terra, embora ainda haja pessoas que tenham essa leitura. E até profissionais que repercutem algo tão defasado. Aliás, stim é o termo utilizado por vários grupos próprios autistas, em vez de estereotipia. Afinal, dá a conotação de movimento regulatório. Ou seja, nesta perspectiva, o stim tem sim uma função.”
Sophia Mendonça é uma jornalista, escritora e pesquisadora brasileira. É mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Em 2016, tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Grande Colar do Mérito em Belo Horizonte. Em 2019, ganhou o prêmio de Boas Práticas do programa da União Européia Erasmus+.
Selma Sueli Silva é criadora de conteúdo e empreendedora no projeto multimídia Mundo Autista D&I, escritora e radialista. Especialista em Comunicação e Gestão Empresarial (IEC/MG), ela atua como editora no site O Mundo Autista (Portal UAI) e é articulista na Revista Autismo (Canal Autismo). Em 2019, recebeu o prêmio de Boas Práticas do programa da União Europeia Erasmus+. Prêmio Microinfluenciadores Digitais 2023, na categoria PcD. É membro da UNESCOSOST movimento de sustentabilidade Criativa, desde 2022.
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