Coringa – Delírio a Dois: Musical com Lady Gaga é ruim? Continuação é resposta à repercussão do primeiro filme.
O canal “Filmes Para Sempre” publicou, na última sexta-feira (06) uma crítica das jornalistas Sophia Mendonça & Selma Sueli Silva para o filme “Coringa – Delírio a Dois“. Essa continuação do excelente e também controverso Coringa (2019), que rendeu o Oscar a Joaquin Phoenix, vem sendo massacrada pela crítica. É que, com apenas 34% de aprovação no agregador Rotten Tomatoes, o musical com Lady Gaga tem uma das piores recepções de filmes inspirados em personagens da DC. E apesar da repercussão mista também do longa-metragem original, em 2019 o consenso da crítica era mais positivo, com 69% de avaliações positivas.
Dessa vez, o The New York Times descreveu a obra como “um musical malfeito e sem entusiasmo com uma estrela que sabe cantar, Lady Gaga como Lee Quinzel, também conhecida como Harley Quinn, e outra (Phoenix) que não sabe ou não quer cantar”. O jornal britânico The Times, por sua vez, definiu o filme como “bagunçado, sem vida, derivado e exatamente o que você esperaria de um filme que simplesmente não quer, ou precisa, existir“.
Já para o também britânico Observer, Delírio a Dois é “um produto de ambição tosca e sem objetivo, o tipo de chute louco que seria louvável se não fosse tão absolutamente horrível. Ele fracassa como musical, como drama de tribunal, como romance e como desenvolvimento de personagem”. Na nossa avaliação, porém, o filme tem qualidades interessantes, como a cena de abertura em animação, algumas reflexões instigantes e as cenas de canto e dança.
Em Delírio a Dois, acompanhamos a sequência do longa sobre Arthur Fleck (Joaquin Phoenix), que trabalhava como palhaço para uma agência de talentos e precisou lidar desde sempre com seus problemas mentais. E, vindo de uma origem familiar complicada, sua personalidade nada convencional o fez ser demitido do emprego. Então, em uma reação a essa e tantas outras infelicidades em sua vida, ele assumiu uma postura violenta. Com isso, se tornou o Coringa.
Esta continuação se passa depois dos acontecimentos do filme de 2019, após o início de um movimento popular contra a elite de Gotham City,. Aliás, a revolução teve o Coringa como seu maior representante. Mas, preso no hospital psiquiátrico de Arkham, ele acaba conhecendo Harleen “Lee” Quinzel (Lady Gaga). A curiosidade mútua acaba se transformando em paixão e obsessão.
Assim, eles desenvolvem um relacionamento romântico e doentio. Dessa forma, Lee e Arthur embarcam em uma desventura alucinada, fervorosa e musical pelo submundo de Gotham City. Enquanto isso, o julgamento público d’O Coringa se desenrola. E assim, impacta toda a cidade e suas próprias mentes conturbadas.
Para Sophia Mendonça, o segundo filme corrige as más interpretações sobre a obra original. Afinal, houve visões que colocaram o personagem como uma espécie de mártir e heroi. E não como alguém com saúde mental frágil que precisava de cuidados e teve esse suporte negado pela sociedade. “O filme tem discussões bem legais a trazer sobre essa cultura do espetáculo e dos discursos de ódio e o quanto algumas pessoas parecem se alimentar disso. Ele aborda esse aspecto das relações humanas de uma maneira muito interessante. E, sobretudo, mostra como é mergulhar na mente de uma pessoa que não tem as reações mentais que a sociedade padronizou como saudáveis”, ponderou a jornalista.
Selma Sueli Silva, por sua vez, considerou que o filme traz maior complexidade a um personagem muito revisitado, ao se focar no que passa em sua mente. “A gente pode reagir melhor quando conhece as coisas. É muito fácil taxar que é do mal e perigoso. Mas, justo porque faz mal à sociedade, é preciso saber as nuances.” Selma observa que essa reflexão encontra eco na vida real. “Às vezes você tem uma pessoa que fala o que a outra quer ouvir e mesmo que a fala dela seja uma aberração, ela consegue cooptar a outra pessoa para ela.”
Além disso, a interpretação de Lady Gaga foi unanimidade entre as críticas do “Filmes Para Sempre”. Selma, inclusive, destacou as diferenças entre Halerquin, o álbum em que a artista interpreta a trilha sonora do filme, e a interpretação como atriz de uma iniciante a cantora nesta produção, que tem o canto como algo apenas terapêutico.
Para Sophia, a personagem entra em sentimentos camuflados e tem poucos momentos em cena, podendo ser melhor aproveitada. Porém, ela considera que Lady Gaga converte esse papel feminino que poderia passar batido em uma caracterização instigante e intrigante. Ainda assim, a dupla de resenhistas lamentou o diretor Todd Phillips não ter se aprofundado mais nas possibilidades musicais da narrativa.
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