O filme de terror Convite Maldito tem temáticas ricas e boas possibilidades para contar a história. Porém, decepciona na execução.
O filme de terror “Convite Maldito”, dirigido por Jessica M. Thompson, começa de forma bastante promissora, imergindo o público em uma atmosfera perturbadora que sugere um universo sombrio de horror. A diretora e corroteirista se esforça para manter essa ambientação, e a produção se beneficia da ótima atuação de Nathalie Emmanuel.
A atriz de “Game of Thrones” assume o protagonismo com uma naturalidade que facilita a imersão na trama, interpretando Evie, uma artista batalhadora que se sustenta como garçonete em Nova York. O filme, de forma curiosa e promissora, tenta unir terror e comédia romântica para abordar questões de classe e raça.
Evie é apresentada em um momento de recente perda da mãe, sentindo-se solitária e sem um senso de pertencimento. É então que um de seus primos britânicos, interpretado por Hugh Skinner, a convida para um elegante casamento de família. No entanto, ao chegar à luxuosa residência, a jovem afro-americana percebe que é a única pessoa não-branca, além das empregadas – todos os seus parentes são brancos.
Apesar disso, Evie se deixa levar pelo senso de pertencimento, o que é compreensível, mesmo que o espectador possa se identificar mais com o ceticismo de sua melhor amiga, Grace, interpretada por uma divertida Courtney Taylor. A mansão e seu proprietário, Walter, em uma sedutora composição de Thomas Doherty (que não é parente de Evie, o que sugere uma tensão romântica), apresentam uma série de elementos estranhos.
Todas essas ideias são muito promissoras para um filme de terror. Além disso, os figurinos trabalham bem a mistura inusitada entre horror e comédia, e a fotografia capta a grandiosidade e a decadência da mansão inglesa, evocando a atmosfera gótica que o filme se esforça para alcançar.
Infelizmente, a temática racial, que já rendeu discussões e metáforas inesquecíveis em obras como Corra! e Nós, de Jordan Peele, é pouco aproveitada. Além disso, o clima aterrorizante e misterioso inicialmente proposto por Jessica Thompson cede cada vez mais a sustos rápidos, um artifício mais superficial do horror. Para piorar, o filme aposta em mudanças abruptas de tom até o final da projeção, prejudicando a coerência da narrativa.
Sophia Mendonça é jornalista, professora universitária e escritora. Além disso, é mestre em Comunicação, Territorialidades e Vulnerabilidades (UFMG) e doutoranda em Literatura, Cultura e Tradução (UfPel). Ela também ministrou aulas de “Tópicos em Produção de Texto: Crítica de Cinema “na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), junto ao professor Nísio Teixeira. Além disso, Sophia dá aulas de “Literatura Brasileira Contemporânea “na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com ênfase em neurodiversidade e questões de gênero.
Atualmente, Sophia é youtuber do canal “Mundo Autista”, crítica de cinema no “Portal UAI” e repórter da “Revista Autismo“. Aliás, ela atua como criadora de conteúdo desde 2009, quando estreou como crítica de cinema, colaborando com o site Cineplayers!. Também, é formada nos cursos “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica” (2020) e “A Arte do FIlme” (2018), do professor Pablo Villaça.
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