Conto infantil é metáfora para o autismo? Youtuber e escritora Sophia Mendonça lança contação de A fada mais sem graça de todas.
Em celebração ao Dia Nacional do Livro, celebrado em 29 de outubro, a jornalista, escritora e autista Sophia Mendonça ofereceu uma contação de histórias no seu canal do YouTube, o Mundo Autista. Para tanto, escolheu a obra “A fada mais sem graça de todas” (2024). Este conto infantil introduz o universo mágico do seu livro “Entre Fadas e Bruxos“ (2019).
Em “A fada mais sem graça de todas”, Sophia narra a trajetória de Annabeth antes de sua ascensão ao trono. Dessa forma, revela os desafios e as descobertas que moldaram a personalidade da personagem e a conduziram ao título de Rainha das Fadas. Aliás, o conto vem sendo trabalhado com crianças de 8 a 10 anos em escolas de Pelotas, no Rio Grande do Sul. Com isso, conquistou grande aceitação principalmente entre as meninas.
“Escrevi A fada mais sem graça de todas como uma homenagem às mulheres da minha família, porque eu as via como mulheres muito fortes e, ao mesmo tempo, bastante doces. Elas me transmitem valores como humanismo, cuidado com o outro, beleza, justiça, sabedoria e espiritualidade. Tudo isso me foi passado por essas mulheres que foram à luta por melhores condições de vida, mas nunca perderam a ética, a busca por uma vida digna e ainda melhor do que se apresentava para elas. Essas mulheres não se conformaram com o destino, mas não se rebelaram de uma maneira agressiva nem violenta”, comenta a autora.
Segundo o pesquisador e diretor de conteúdo do Mundo Autista, Ramon de Assis, o conto “A fada mais sem graça de todas” possui brilho próprio. Assim, é apreciável como uma obra independente. Em sua análise do vídeo, ele destacou que: “Sophia Mendonça convida os ouvintes a mergulharem em um mundo de fantasia e emoção, onde a magia se manifesta em cada palavra e a superação é o fio condutor da narrativa. Uma oportunidade imperdível para celebrar a literatura e se encantar com a magia das histórias.
”Para a escritora Sophia Mendonça, a simbologia da história se relaciona com vários contextos. Isso inclui o autismo. Por exemplo, a gente pode interpretar a inadequação da protagonista como um modo de tentar se encaixar e desejar a inclusão. “A fada Annabeth tenta encontrar uma autenticidade e uma personalidade para si, mesmo sendo muito diferente das irmãs, que tem características que são socialmente mais valorizadas. Então, ela descobre que nada é um mal em si. Todo traço, se usado para o bem, será positivo”, analisa Sophia.
Segundo Sophia Mendonça, “esse conto me emociona muito porque ele traz esse aprendizado que o contato com as mulheres da minha família me faz querer aplicar na minha vida. A gente não aprende sendo aplicada a aprender, a gente aprende com o exemplo”. Já Ramon destaca que a competição com “as telas” é muito grande. Porém, somente as boas literaturas são capazes de transportar as crianças para mundos nunca antes imaginados por elas. Dessa forma, cada ilustração terá construção de forma diferente por cada uma delas.
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